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Foro em Ruanda com participação do IICA afirma que uma maior cooperação entre a África e as Américas melhorará a qualidade de vida nas áreas rurais de ambos os continentes

Otero Rwanda
“A cooperação é a ação e o resultado de trabalharmos juntos. É por isso que estamos aqui, na África”, afirmou o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

Kigali, Ruanda, 12 de setembro de 2022 (IICA) — África e as Américas aprofundaram seus laços de cooperação visando melhorar a sustentabilidade de seus sistemas agroalimentares com a participação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na Cúpula Anual do AGRF, principal foro africano que promove a agenda da agricultura e da alimentação no continente.

A conferência, na qual líderes de governos, organismos internacionais, a academia e o setor privado de todo o mundo debatem durante quatro jornadas, aconteceu na cidade de Kigali, capital de Ruanda.

A Cooperação Sul-Sul, que já está estabelecendo roteiros produtivos para a colaboração recíproca e a troca de experiências entre nações da América Latina e do Caribe e a África, na qual países asiáticos também estão envolvidos, é crucial para enfrentar as causas da insegurança alimentar, da desnutrição e da degradação ambiental nessas regiões e no mundo.

Essa foi uma das principais conclusões do painel intitulado “Cooperação Sul-Sul: Liderança das Américas e da Ásia”, que ocorreu na Cúpula Anual do AGRF e foi aberto por Agnes Kalibata, Presidente da Parceria para uma Revolução Verde na África (AGRA) e enviada especial do Secretário da ONU para a Cúpula de Sistemas Alimentares de 2021, juntamente com o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

Também participaram da discussão: o Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar e Nutricional de Barbados, Indar Weir; o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Moçambique, Olegario dos Anjos Banze; o Ministro da Agricultura da Guiana, Zulfikar Mustapha; o Assessor Especial do Diretor Geral do IICA, Jorge Werthein; o Chefe Regional da AGRA na África Oriental, Jean Jacques Muhinda; o catedrático da Universidade Agrícola da China, Shenggen Fan; o Diretor Executivo da Fundação Syngenta, Simon Winter; e a Diretora de Inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Sibelle de Andrade Silva.

O moderador foi Javier Mateo Vega, da Parceria entre a Bioversity International e o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT).

Continentes protagonistas

Agnes Rwanda
A Presidente da Parceria para uma Revolução Verde na África (AGRA) e enviada especial do Secretário da ONU para a Cúpula de Sistemas Alimentares de 2021, Agnes Kalibata; apontou que a Cooperação Sul-Sul já está acontecendo há tempo, mas que hoje o mundo vive um momento especialmente crítico que obriga a aprofundá-la.

“Quanto mais profunda é a crise, mais cooperação é necessária”, disse Manuel Otero, em relação à confluência da mudança do clima, dos duradouros efeitos econômicos e sociais da pandemia de Covid-19 e dos aumentos de preços de energia, alimentos e fertilizantes pelo conflito bélico no Leste Europeu.

“A cooperação é a ação e o resultado de trabalharmos juntos. É por isso que estamos aqui, na África”, acrescentou o Diretor Geral do IICA, que explicou: “A cooperação acontece entre iguais e é isso o que somos.  Essa é a essência da Cooperação Sul-Sul, na qual acreditamos firmemente, porque significa construir pontes. Essa é a razão pela qual priorizamos o diálogo entre as Américas e a África”.

Otero se concentrou no que a África e as Américas têm em comum, que somam 39% das florestas do mundo e 51% do estoque de carbono, além de grande parte dos ecossistemas de valor ambiental e produtivo do planeta. “Estamos aqui para transformar esse potencial em ação, de maneira que sirva para melhorar a qualidade de vida dos que vivem nas zonas rurais”, afirmou.

“Devemos nos convencer de que a África e as Américas têm um passado e um presente conjunto e um futuro a oferecer para o mundo. Por isso começamos a dialogar com instituições africanas. Devemos ser pragmáticos. O tempo para a ação é agora. Não devemos esperar que nos ajudem, mas ser protagonistas do novo tempo”, concluiu o Diretor Geral do IICA.

Agnes Kalibata apontou que a Cooperação Sul-Sul já está acontecendo há tempo, mas que hoje o mundo vive um momento especialmente crítico que obriga a aprofundá-la.

“Hoje a pergunta é: como caminhamos juntos? Já temos vários projetos conjuntos que beneficiam países africanos, latino-americanos e caribenhos. Em meu país, a Ruanda, temos uma grande conexão com o Brasil que tem nos ensinado como a agricultura pode contribuir para o desenvolvimento econômico. Temos que nos conhecer melhor e, quanto mais avançamos, mais crescemos”, disse Kalibata.

A instituição que Kalibata preside, a AGRA, organizou em julho passado na Costa Rica, juntamente com o IICA e a Agência de Desenvolvimento da União Africana-Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (AUDA-NEPAD), a “Cúpula Ministerial África-Américas sobre Sistemas Agroalimentares”, que fortaleceu a cooperação birregional para enfrentar os desafios à segurança alimentar e à sustentabilidade ambiental.

Ministros Rwanda
O Ministro da Guiana, Zulfikar Mustapha (esquerda), considerou que o Sul do planeta deve reconhecer seus desafios comuns: “Precisamos estabelecer parcerias que nos permitam incentivar a industrialização e a agregação de valor para nossas matérias-primas”. Por sua vez, o ministro de Barbados, Indar Weir (direita); mencionou a vulnerabilidade dos países caribenhos diante da mudança do clima, que é a mesma sofrida por diversos países africanos, e valorizou a tarefa de cooperação técnica do IICA em prol da resiliência.

Jean Jacques Muhinda repassou os avanços obtidos em 2022 em termos de cooperação entre as Américas e a África e focou na importância da troca de conhecimentos científicos e tecnológicos para tornar a atividade agrícola mais sustentável e resiliente.

Muhinda também falou da necessidade de aumentar o comércio de alimentos entre os dois continentes. “O nosso potencial para a cooperação mútua não tem limites”, afirmou.

O Ministro de Barbados, Indar Weir, mencionou a vulnerabilidade dos países caribenhos diante da mudança do clima, que é a mesma sofrida por diversos países africanos, e valorizou a tarefa de cooperação técnica do IICA em prol da resiliência.

“Devemos reconhecer que estamos diante de um desafio de magnitude, que não podemos enfrentar sozinhos.  Barbados, que é um pequeno estado insular, não tem recursos financeiros para realizar os investimentos necessários para enfrentar os furacões e inundações que afetam a nossa produção de alimentos”, explicou Weir.

O Ministro da Guiana, Zulfikar Mustapha, que participou de Georgetown, de maneira virtual, considerou que o Sul do planeta deve reconhecer seus desafios comuns: “Precisamos estabelecer parcerias que nos permitam incentivar a industrialização e a agregação de valor para nossas matérias-primas”.

Por sua vez, Jorge Werthein lembrou que a aproximação entre os dois continentes começou a tomar forma quando Agnes Kalibata convidou o IICA a fazer parte da Rede de Campeões de Cúpulas, uma das estruturas criadas para preparar e apoiar a Cúpula sobre Sistemas Alimentares da ONU em 2021.

“Começamos a trabalhar juntos e entendemos que a agricultura da África e da América Latina e do Caribe tem muitos problemas comuns. Não temos dúvidas de que uma maior cooperação melhorará a qualidade de vida das sociedades e a competitividade do setor agrícola”, disse Werthein.

“Os dois continentes precisam cooperar para se adaptar à mudança do clima e, além disso, podem cumprir um papel fundamental na sua mitigação. A agricultura da África e das Américas é parte da solução, não do problema”, concluiu.

 

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