Katy Moncada, agricultora que abriu e ensina o caminho para mulheres camponesas de Honduras, é reconhecida pelo IICA como Líder da Ruralidade das Américas
Tegucigalpa, 10 de julho, 2024 (IICA) — Katy Moncada, agricultora hondurenha nascida no campo que migrou para a cidade para estudar e, em seguida, voltou à sua terra para ser protagonista de uma empresa de mulheres camponesas, foi homenageada como uma das “Líderes da Ruralidade” das Américas pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Em reconhecimento, Moncada receberá o prêmio “Alma da Ruralidade”, parte de uma iniciativa do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural para dar visibilidade a homens e mulheres que deixam uma marca e fazem a diferença no campo do continente americano, essencial para a segurança alimentar e nutricional e para a sustentabilidade ambiental do planeta.
Katy faz parte de um grupo de mulheres camponesas do departamento de El Paraíso, no oriente de Honduras, que deixaram o campo, graduaram-se na universidade e voltaram para o seu primeiro amor, a produção de café, começando a agregar outras atividades produtivas, como a apicultura e o cultivo de bananas e limões. Isso foi feito por meio da empresa associativa camponesa Mujeres en Acción.
O trabalho foi apoiado pela cooperação técnica do IICA e pelo programa Progresa, uma iniciativa público-privada implementada pelo Swisscontact e o Instituto Hondurenho do Café (IHCAFE), Molinos de Honduras, a Secretaria de Agricultura e Pecuária e governos locais.
“Devemos muito ao IICA — explica ela —, que nos fez aplicar boas práticas agrícolas e obter resultados. Também aprendemos muito pelo Progresa, onde tivemos reuniões e cursos de capacitação”.
Ela recebeu um lote modelo pelo projeto AGRO-INNOVA, financiado pela União Europeia (UE) e implementado pelo IICA, no qual semeou banana, limão, milho e feijão, além de aumentar o seu apiário para 70 colmeias. Assim aprendeu o valor da diversificação produtiva para a geração de receitas.
O projeto AGRO-INNOVA foi pioneiro na área, oferecendo serviço de assistência técnica e acompanhamento aos produtores.
Katy está convencida de que o trabalho realizado pelo grupo ao seu grupo de pertencimento é significativo especialmente se é um exemplo positivo para outras pessoas: “Quero que todas as mulheres vejam o que fazemos em Mujeres en Acción, que percebam que é possível e abandonem a crença de que não podem. Muitas têm medo porque não estudaram. Mas não é necessário estudar para que sejam apicultoras; trata-se apenas de mudar a mentalidade”.
“Eu trabalho muito. Levanto-me todos os dias às 4 da manhã, carregamos o carro com banana, café e mel e vamos ao mercado. Quero ser cada vez mais influente na comunidade para que as pessoas vejam as coisas de outra maneira. Devemos estar conscientes de que em Honduras isso é possível, em vez de olharmos sempre para o norte. Se a minha mãe conseguiu sobreviver 71 anos no campo é porque é possível. Não se trata de querer ficar rico da noite para o dia, mas de trabalhar e se esforçar”, acrescenta.
O título de Líderes da Ruralidade das Américas é um reconhecimento do IICA aos que cumprem um duplo papel insubstituível: ser avalistas da segurança alimentar e nutricional e, ao mesmo tempo, guardiões da biodiversidade do planeta pela produção em qualquer circunstância. O reconhecimento também tem a função de destacar a capacidade de promover exemplos positivos para as zonas rurais da região.
Culturas distintas
Katy nasceu na comunidade de Boa Vista, fez seus estudos em um instituto privado de Tegucigalpa, voltou ao campo em 2016 e ingressou na Mujeres en Acción, que existia desde 2012.
“Embora o projeto original de Mujeres en Acción fosse voltado apenas para o café, em 2016 eu e meu esposo começamos com a apicultura, aos poucos, primeiro extraindo o mel das abelhas da montanha. Ao princípio tirávamos apenas oito garrafas e as presenteávamos, mas aprendemos com os apicultores mais velhos e fomos crescendo. Até que nos tornamos um dos maiores produtores de mel maiores da comunidade, além de intermediários, pois os produtores nos procuram e vendem para nós”, explica Katy, que hoje vive na comunidade de San Marcos de la Selva, de onde a família de seu marido é originária.
Embora em Buena Vista, onde nasceu, sempre tenha sido comum as mulheres trabalharem no campo, ela afirma que a cultura é diferente em San Marcos.
“Se você procurar a minha mãe ou a minha tia — disse — sempre as encontrará na propriedade, podando café. Em nossa comunidade, em geral as mulheres são mulheres do campo. Por outro lado, na comunidade onde vivo agora, quando cheguei, era visto de forma negativa que uma mulher trabalhasse com os homens. Havia mulheres que não saíam ou que saíam apenas com autorização dos homens. Por isso, com a empresa Mujeres en Acción servimos como ponto de referência para que as mentalidades mudem”.
Na empresa há 12 mulheres e 10 homens, para respeitar a equidade de gênero.
Hoje, um dos grandes desafios que a produtividade nas zonas rurais de Honduras enfrenta, assim como nos demais países centro-americanos, é o impacto da mudança do clima: “Muitas perdemos as propriedades e precisamos plantar tudo de novo quando o café secar. Mas sempre tentamos nos adaptar, e entendemos que é essencial diversificar”, explica.
O grande foco que guia a Katy Moncada e seu grupo é assegurar que os jovens assumam a liderança na atividade agrícola.
“Devemos focar — assegura — no relevo geracional. Não devemos pensar só nos adultos como líderes. Eu sempre converso com as crianças e os jovens, e estou convencida de que não devemos criticá-los por estarem sempre com o telefone; pelo contrário, precisamos ensinar-lhes que o usem para algo produtivo. Nós que lideramos precisamos nos adaptar”.
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