Na COP28, agricultores demonstram que podem ser resilientes e, ao mesmo tempo, contribuir para os esforços internacionais de combate, mitigação e adaptação à mudança do clima
Dubai, Emirados Árabes Unidos, 11 de dezembro de 2023 (IICA) — Ao mesmo tempo que lutam para ser resilientes e se adaptar à crise ambiental para continuar produzindo alimentos saudáveis e nutritivos, os agricultores realizam valiosas contribuições para os objetivos globais de mitigação da mudança do clima.
Assim o demonstraram na COP28, que acontece nos Emirados Árabes Unidos com a presença de mais de 70.000 líderes mundiais, entre chefes de Estado, ministros, altos funcionários, organismos internacionais, representantes do setor privado, jovens e organizações da sociedade civil, reforçando a liderança da agricultura no maior foro de negociação e discussão sobre o presente e o futuro da luta mundial contra a mudança do clima.
O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), juntamente com seus 34 Estados membros e seus parceiros do setor privado da produção agroalimentar, está cumprindo um papel de destaque no encontro que se estende até 12 de dezembro, uma vez que é o anfitrião dos principais debates do setor em seu pavilhão, chamado Casa da Agricultura Sustentável das Américas.
Pequenos produtores e empresas alimentares se uniram ao IICA em uma apresentação que despertou um grande interesse na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Dubai.
O evento se referiu à liderança dos agricultores em todo o mundo na agenda que combina ação climática e segurança alimentar, em que tanto a cooperação internacional como a inovação desempenham um papel central.
Elizabeth Nsimadala, líder da Federação de Agricultores da África Oriental, e Felix Sum, produtor do Quênia, foram dois dos agricultores que participaram, juntamente com Emily Rees, Presidente e CEO da Croplife International, organização líder em inovação na produção agroalimentar, e Lloyd Day, Diretor Geral Adjunto do IICA.
Também foram oradores Arnold Puech D’Alissac, Presidente da Federação Mundial de Agricultores (WFO); Shou Jiading, Diretor de Programas do Centro de Conservação Shan Shui, que é uma ONG conservacionista da China; e Sue Ogivily, da Farming for the Future, organização que promove uma agricultura resiliente e baixa em carbono na Austrália.
Entre os assistentes estiveram Saboto Caesar, Ministro da Agricultura de São Vicente e Granadinas, e Francisco Minuche Verdaguer, Vice-Ministro de Desenvolvimento Rural do Equador.
“A mudança do clima é um fenômeno real, que já está acontecendo e que muda as condições em que estamos produzindo”, disse Emily Rees, da Croplife International, que explicou que a deterioração dos ecossistemas tem múltiplos efeitos prejudiciais para a produção de alimentos.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, tem destacado que “os agricultores são essencialmente vítimas da mudança do clima, e não os seus principais responsáveis. Nos últimos anos, a setor agropecuário da região fez enormes avanços em prol da sustentabilidade e é parte da solução à mudança do clima, além de sustentáculo da segurança alimentar do planeta”:
Agricultores, vítimas da mudança do clima
“O desmatamento, por exemplo, promove a expansão de pestes e doenças, uma vez que as florestas são barreiras naturais”, disse Rees. Acrescentou que os agricultores são os verdadeiros protagonistas das mudanças, por meio da recuperação dos ecossistemas, e que têm desafios pela frente, mas também grandes oportunidades, graças às novas tecnologias que favorecem a resiliência e a produtividade.
“É uma grande notícia ver tantos agricultores sendo protagonistas da COP28”, disse Lloyd Day. O Diretor Geral Adjunto do IICA explicou que uma das mensagens chaves do organismo de desenvolvimento agrícola do continente é que os pequenos, médios e grandes produtores devem estar sentados à mesa onde se discutem as transformações que já estão em andamento do setor.
“Os agricultores mais vulneráveis não podem assumir o custo da adaptação a fenômenos meteorológicos cada vez mais extremos que afetam colheitas e formas de vida”, afirmou Day, que se mostrou convencido de que a agricultura pode reduzir suas emissões de efeito estufa, restaurar os solos e, ao mesmo tempo, garantir a segurança alimentar mundial.
Elizabeth Nsimadala falou em nome dos agricultores da África, continente com o qual o IICA construiu pontes no entendimento de que, como as Américas, é fundamental para a segurança alimentar global, rico em recursos naturais e sofre fortemente o impacto da mudança do clima.
A agricultora do Quênia disse que o grande desafio é o setor agropecuário ser integrado a todos os níveis dos planos climáticos, inclusive na preparação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), que são os objetivos que cada país traça periodicamente em termos de mitigação e adaptação.
“Ninguém entende de agricultura como os agricultores, mas ainda não temos o lugar que merecemos nas discussões. O desafio é que se escute mais fortemente a nossa voz”, afirmou.
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