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Na COP29, países do Caribe relatam o impacto dos fenômenos meteorológicos extremos na agricultura e mostram seu trabalho para se tornar resilientes

 

Primera
Na COP29, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) destacou a vulnerabilidade dos pequenos Estados insulares do Caribe e seus esforços para construir resiliência em seus sistemas agroalimentares diante de desastres naturais cada vez mais frequentes.

 

Baku, Azerbaijão, 25 de novembro de 2024 (IICA) — Os pequenos Estados insulares do Caribe estão entre os mais vulneráveis do mundo e trabalham para construir resiliência em seus sistemas agroalimentares, que sentem o impacto dos desastres naturais cada vez mais frequentes.

A realidade enfrentada pelos agricultores dos países caribenhos, cujos meios de vida estão sob ameaça, foi contada aos participantes da COP29 no pavilhão instalado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) nesse encontro global.

Participaram o Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar de Belize, José Abelardo Mai; o Diretor Executivo do Centro de Mudança do Clima da Comunidade Caribenha, Collin Young; e o Gerente de Mudança do Clima e Gestão de Risco de Desastres da Organização dos Estados do Caribe Oriental (OECS), Crispin D’Auvergne.

Mai foi um dos dois ministros de agricultura do Caribe que participaram da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, juntamente com Roland Royer, de Dominica. Ambos atraíram a atenção com sua presença na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, denominação que o pavilhão do IICA e seus parceiros recebeu em Baku.

“Em Belize — contou Mai — normalmente temos dois plantios de milho: um em junho e outro em novembro. Ultimamente, os agricultores perceberam que, se plantam em junho, os riscos são maiores, pois a temporada coincide com o pico da estação de furacões. Então, já sabem que é melhor plantar em novembro, embora tenham o problema de o período de cultivo ser mais longo”.

Mai disse que a sociedade com o IICA e com outros organismos internacionais é fundamental para fornecer financiamento, capacidades técnicas e apoio.

“Os agricultores são atores fundamentais para que as transformações ocorram e obtenhamos resultados. O setor agropecuário de Belize enfrenta muitos desafios, especialmente para os pequenos agricultores, que são maioria no país. O financiamento muitas vezes não chega, mas as necessidades são urgentes”, afirmou.

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Collin Young, com larga experiência na relação entre agricultura e clima no Caribe, deu detalhes de um projeto para a resiliência de produtores de cana-de-açúcar no norte de Belize, com financiamento do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF).

“Devemos comunicar e mostrar as evidências do êxito desses projetos, para expandir as boas práticas. É fundamental que as boas práticas se estendam, e os exemplos são imprescindíveis para isso. Se a resiliência está sendo construída no setor agropecuário, as condições de vida das comunidades rurais estão sendo melhoradas, e isso deve ser comunicado”, afirmou.

“É absolutamente claro que precisamos de parcerias e coalizões, pois não podemos enfrentar essa realidade sozinhos. O IICA opera nos países da Comunidade do Caribe (CARICOM), construindo capacidades e aportando novas ferramentas; ele desempenha um papel essencial, assim como temos outras entidades que desempenham papéis importantes. Mas essa ajuda deve funcionar de maneira integrada para ter mais impacto”, concluiu.

D’Auvergne revelou que a Organização de Estados do Caribe Oriental (OECS) é composta por onze países, os quais trabalham para ser resilientes, embora a mudança do clima esteja evoluindo mais rapidamente do que se previa.

“Até pouco tempo, muita gente pensava que esse seria um problema para as próximas gerações, mas não foi o que aconteceu. Hoje, um furacão é capaz de destruir inteiramente a economia de um país. Isso aconteceu em Dominica, por exemplo, em 2017, que demorou vários anos para se recuperar”, disse.

D’Auvergne assegurou que os países estão fazendo tudo o que podem, mas a falta de financiamento internacional é um obstáculo.

“Deve ser levado em conta — finalizou — que em muitos países do Caribe a mudança do clima não é o único problema, mas se somam outros problemas. O turismo aporta dinheiro, mas demanda alimentos, que muitas vezes devem ser importados. Também há o problema de produtividade e de carência de força de trabalho nas áreas rurais, devido à migração dos jovens. Se o objetivo é construir resiliência, é imprescindível atrair os jovens para a agricultura no Caribe”.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int