Na COP29, a Presidente da Embrapa e atores da indústria da carne mostram inovações e conhecimentos do Cone Sul das Américas para unir produtividade e sustentabilidade no setor pecuário
BAKU, Azerbaijão, 18 de novembro de 2025 (IICA) – Uma visão compartilhada da pecuária sustentável, que identifica lacunas de conhecimento, integra as partes interessadas na cadeia de valor e comunica os diferenciais da produção bovina do Cone Sul da América em sua tarefa de levar ao mundo uma fonte segura de proteína de alto valor nutricional, preservando sempre o meio ambiente.
Esse foi o balanço do painel “Produção Pecuária Sustentável no Cone Sul das Américas”, organizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) no pavilhão Casa da Agricultura Sustentável das Américas, instalado na COP29, o maior foro de negociação ambiental do mundo, reunido em Baku, Azerbaijão.
O painel teve a participação de: Silvia Massruhá, Presidente de Embrapa; Muhammad Ibrahim, Diretor de Cooperação Técnica do IICA; Diego Gauna, Coordenador da Plataforma de Pecuária Bovina Sustentável (PGBS) – iniciativa conjunta do IICS e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Elly Navajas, Coordenadora do Grupo de Trabalho de Pecuária Sustentável do Procisur (Programa Cooperativo para o Desenvolvimento Tecnológico Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul); Liege Correia, Diretora de Sustentabilidade da gigante da proteína animal JBS; e Hsin Huang, da Agenda Global pela Pecuária Sustentável (GASL).
O moderador foi Bruno Brasil, Diretor de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Massruhá, primeira mulher a presidir a Embrapa, afirmou que, quanto maior o investimento em ciência, maior será o impacto do produto interno bruto (PIB) agropecuário na economia do Brasil como um todo, e lembrou que, em seu país, uma das potências agroalimentares mundiais, o desenvolvimento das tecnologias no campo, nas últimas cinco décadas, permitiu um aumento de produtividade de 580% com a expansão de apenas 140% na área utilizada.
Ainda nessa linha, informou que Embrapa está desenvolvendo métricas robustas para avaliar o impacto ambiental da produção pecuária e oferecer ferramentas que facilitem as tomadas de decisão políticas e empresariais.
Ademais, descreveu o Programa Nacional do Brasil para a Conversão de Pastos Degradados em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestas Sustentáveis, formulado como prática sustentável para garantir a segurança alimentar e reduzir o impacto da mudança no clima mediante a intensificação da produção de alimentos sem avançar no desmatamento de áreas já preservadas e reduzindo a emissão de carbono.
A presença da mais alta representação da Embrapa no pavilhão do IICA em Baku seguiu-se à formalização entre as duas instituições de uma minuta de compromisso para facilitar ações de cooperação técnica internacional e promover o intercâmbio de políticas públicas, tecnologias e conhecimentos em benefício do setor agropecuário.
Esse compromisso, assinado em agosto em Brasília pela Presidente de Embrapa e pelo Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, contempla o desenvolvimento de uma agenda internacional conjunta de trabalho para o fortalecimento da pesquisa e da inovação agrícola, bem como o posicionamento global da agricultura sustentável.
Entre as medidas contempladas está a de financiar intercâmbios de pesquisadores agrícolas que facilitem a presença de estudiosos africanos no Brasil, especificamente na Embrapa, com vistas a impulsionar o desenvolvimento de uma agricultura tropical regenerativa na África e o trabalho conjunto em espaços institucionais na COP29 do Azerbaijão e na COP30, que o Brasil organizará em 2025.
O pavilhão do IICA nas COP converteu-se em um espaço importante para governos, entidades de pesquisa e o setor privado do continente americano mostrarem todo o compromisso do setor agrícola hemisférico com a segurança alimentar e a sustentabilidade global, contribuindo para conscientizar e posicionar a agricultura em geral como uma atividade-chave para a paz, o desenvolvimento sustentável e a descarbonização da economia.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é considerada uma das maiores organizações de pesquisa agrícola do mundo, e sua missão é prover inovação e gerar conhecimentos e tecnologias para a agricultura no Brasil.
Criada em 1973, é uma empresa pública dedicada a desenvolver as bases tecnológicas de um modelo de agricultura e pecuária genuinamente tropical e garantir ao Brasil segurança alimentar e uma posição de liderança nos mercados internacionais de alimentos, fibras e energia.
Diego Gauna, a seu turno, falou da Plataforma de Pecuária Bovina Sustentável, que também busca aprofundar várias dimensões da sustentabilidade, entre as quais a resiliência, a saúde animal, os serviços ecossistêmicos, a biodiversidade, a rastreabilidade e o uso de recursos hídricos.
O Cone Sul das Américas, integrado por Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, dedica cerca de 680 milhões de hectares à pecuária. Conta com 3,3 milhões de produtores (70%-80% dos quais são produtores familiares) e 327 milhões de cabeças de gado bovino.
A região é responsável, além disso, por 26,8% da produção e por 40,5% das exportações mundiais de carne bovina. O subsetor pecuário bovino de carne e leite responde por 21%-25% do valor bruto do setor agropecuário na América Latina
“Trata-se de um setor insubstituível por suas contribuições nutricionais, essencial para um desenvolvimento territorial equilibrado e fundamental na luta contra a mudança do clima”, disse Brasil.
Elly Navajas aprofundou a importância econômica e social da produção de carne bovina, bem como sua contribuição para a segurança alimentar e em matéria de serviços ecossistêmicos e de biodiversidade.
Por seu lado, Liege Correia ressaltou a capacidade do Brasil de recuperar pastos para pecuária e grãos e de avançar em matéria de agricultura e pecuária regenerativa no processo de integração para a preservação do solo na indústria pecuária.
No encerramento, Muhammad Ibrahim enfatizou a atuação do IICA na preservação dos solos e no apoio ao Procisur e a necessidade de rodízio de cultivos e da cobertura vegetal.
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