No Comitê Executivo do IICA, ministros e altos funcionários de agricultura das Américas focam na parceria para garantir a segurança alimentar e hídrica com um setor agrícola forte e sustentável
São José, 20 de julho de 2023 (IICA) — Ministros da agricultura das Américas e outros altos funcionários do setor, reunidos em São José da Costa Rica, destacaram o papel fundamental da cooperação internacional para apoiar a ação coletiva e promover uma parceria que permita preparar o setor agrícola para superar crises e desafios que ameaçam a segurança alimentar global.
Isso foi debatido por ministros e funcionários durante a reunião do Comitê Executivo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), que acontece em dois dias na sede central do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural.
Durante o encontro, um lugar central foi ocupado pelas ações em andamento e que são necessárias para enfrentar as múltiplas crises com forte impacto na agricultura da região e, por extensão, na segurança alimentar, nutricional e ambiental do mundo. Nesse sentido, discutiram avanços para a constituição de uma parceria continental para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável, convocada pelo IICA em atenção ao fato de a região ser a maior produtora global de alimentos e também uma potência da biodiversidade.
“Expusemos as bases temáticas para uma parceria continental sustentada no fato de que nenhum país por si só pode enfrentar essa crise, em que os temas e desafios que enfrentamos são de natureza compartilhada e em que a agricultura, enfatizo, está em condições de se transformar em um eixo estratégico fundamental para o desenvolvimento sustentável de nossos países”, disse o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.
O Comitê Executivo do IICA é constituído por 12 Estados membros, eleitos por um período de dois anos, segundo critérios de rodízio parcial e de equitativa distribuição geográfica, mas a agenda de sessões motivou pedidos de participação de outros 13 países membros. Assim, o encontro reuniu 14 ministros de agricultura e outros altos funcionários do setor agropecuário das Américas, em representação de 25 países.
Na ocasião, o Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar de Barbados, Indar Weir, assumiu a presidência do Comitê Executivo, substituindo a Secretária de Agricultura e Pecuária de Honduras, Laura Suazo, que encerrou seu mandato.
Participaram também os ministros de agricultura de Belize, José Abelardo Mai; da Costa Rica, Victor Carvajal; de El Salvador, Oscar Guardado Calderón; de Granada, Adrian Thomas; da Jamaica, Floyd Green; do México, Víctor Villalobos; do Panamá, Augusto Valderrama; de Santa Lúcia, Alfred Prospere; da Guiana, Zulfikar Mustapha; do Haiti, Charlot Bredy; o Ministro da Agricultura, Pesca, Recursos Marinhos, Cooperativas e Economia Criativa de Saint Kitts e Nevis, Samal Mojah Duggins; o Ministro da Agricultura da República Dominicana, Limber Cruz; o Ministro da Agricultura, Solo e Pesca de Trinidad e Tobago, Avinash Singh; e o Ministro da Agricultura de Antígua e Barbuda, Everly Greene.
Também participaram da reunião o Vice-Ministro do Peru, Enrique Regalado Gamonal; altos funcionários dos ministérios ou secretarias de agricultura do Brasil, Fernando Zelner; da Argentina, Ariel Martínez; da Bolívia, Esper Burgos Román; dos Estados Unidos, Joe Hain; da Colômbia, Teresa Hernández Vergara; e as embaixadoras do Canadá e do Chile na Costa Rica, Elizabeth Williams e Margarita Portuguez González, respectivamente.
Os organismos internacionais representados no encontro foram a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), o Organismo Internacional Regional de Sanidade Agropecuária (OIRSA), o Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE), o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola do Caribe (CARDI) e a Organização de Informações de Mercados das Américas (OIMA).
Também estiveram presentes uma representação da Espanha e, como observadores permanentes, delegações da Alemanha, da União Europeia e da Turquia.
O papel do setor agropecuário
“O setor agropecuário desempenha um papel importante e estratégico no desenvolvimento econômico e social de nossos povos. Além de alimentos, a agricultura proporciona estabilidade social e melhores condições de vida para a população”, advertiu o Ministro Valderrama, do Panamá, que pediu que a agricultura não seja responsabilizada pela mudança do clima, “quando 80% das emissões de gases de efeito estufa vêm da queima de combustíveis fósseis”.
Limber Cruz, Ministro da República Dominicana, exortou a unir esforços coletivos. “Entre todos os países da região, temos o melhor país do mundo. Devemos combinar o que há de bom em nós com os demais países, para melhorar a nossa capacidade de produção e ampliar mercados”.
Avinash Singh, de Trinidad e Tobago, ressaltou a colaboração do IICA com seu país, que foi fundamental no tema da digitalização da agricultura. “É hora de olhar para a agricultura de forma distinta. Se não considerarmos os jovens, teremos problemas”, afirmou.
Donald Willar, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), mostrou seu apoio ao trabalho do IICA para “tornar visível o papel dos bicombustíveis para diminuir o uso de combustíveis fósseis e incentivar uma agricultura com valor agregado na região”.
Por sua vez, Daryl Nearing, do Ministério da Agricultura e Agroindústria do Canadá, ressaltou que a agricultura hoje apresenta enormes desafios em todo o mundo, e isso ressalta a importância de ter uma instituição como o IICA para encontrar soluções. “É fundamental avançar em temas de mudança do clima e sustentabilidade. Trata-se de aumentar a produtividade sob esses enfoques”, ressaltou.
Cenário complexo
Otero, por sua vez, ressaltou o atual cenário complexo e desafiador, que tem colocado os temas da agricultura e da segurança alimentar e nutricional no topo da agenda global.
“Esse contexto — afirmou — ressalta a importância da missão institucional do IICA, organismo que, no ano passado, celebrou seus primeiros 80 anos de vida e cujas metas devem ser atualizadas e analisadas em função de três dimensões convergentes: a de uma instituição que, a partir das Américas observa o mundo; a função que cumpre como catalisadora da ação coletiva; e a de ser uma instituição de portas abertas, que escuta, entende, pensa e atua”.
Otero ressaltou a grande conquista obtida pelos países das Américas e o IICA com a elaboração das 16 mensagens sobre o papel insubstituível da agricultura, que definiram o posicionamento regional perante a Cúpula da ONU sobre Sistemas Agroalimentares. Também destacou o documento de consenso gerado por ocasião da COP27, realizada em 2022, no Egito, em que os ministros e secretários de agricultura das Américas afirmaram que as ações climáticas para alcançar uma agricultura mais sustentável devem ser baseadas em ciência, de maneira que resguardem e aumentem a produtividade e não aprofundem a já preocupante crise alimentar atual.
“Com os governos das Américas e o setor privado, geramos um grande impacto na COP27, quando levantamos a bandeira da agricultura sustentável na principal e maior negociação ambiental do mundo e buscamos deixar claro que o setor agropecuário nunca mais ficará de fora dessa mesa”, disse Otero. Nesse sentido, antecipou que a Agricultura das Américas este ano terá um papel de destaque na COP28, de Dubai, Emirados Árabes Unidos.
“Reafirmamos — concluiu — que a agricultura em nossa América está em um profundo e irreversível processo de mudança, em uma transição para objetivos de maior sustentabilidade, maior resiliência, maior inclusão. Assim é demonstrado pelas mudanças produzidas em termos de novas práticas, como o plantio direto, os sistemas agrossilvopastoris, a melhoria de pastagens ou o melhor uso da biomassa disponível, que têm servido para promover o desenvolvimento rural e proteger o meio ambiente”.
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