O continente americano se encaminha para ser o principal fornecedor de combustíveis sustentáveis de aviação, segundo especialistas em simpósio da Associação Internacional de Transporte Aéreo
Miami, 2 de outubro de 2024 (IICA) - As Américas se encaminha para ser o principal fornecedor de combustíveis de aviação sustentável (SAF, em inglês), asseguraram especialistas que participaram do Simpósio Mundial de Sustentabilidade (WSS), organizado pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) e com participação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em que se discutiu o caminho para atingir emissões zero em 2050.
Os objetivos de sustentabilidade a longo prazo do setor requerem a colaboração de toda a cadeia de valor, foi um dos consensos atingidos por diferentes atores que discutiram os desafios, riscos e oportunidades de investir em iniciativas de sustentabilidade e energia renovável para promover a transição do setor para um futuro de emissões Net Zero de CO2.
Agustín Torroba, especialista internacional em biocombustíveis e energia renovável do IICA e Secretário Executivo da Coalização Pan-Americana de Biocombustíveis (CPBIO), participou do painel Como melhorar o atrativo do investimento em iniciativas de sustentabilidade para apoiar a transição para emissões Net Zero do setor, que foi moderado por Karen Walker (jornalista-chefe da Air Transport World), e contou com a participação de Christine Cassotis (Diretora Executiva do aeroporto de Pittsburgh), Raman Ojha (Presidente da Shell Aviation) e Brian Moran (Diretor de Sustentabilidade da Boeing).
A discussão se concentrou principalmente em combustíveis de aviação sustentável (SAF) e foram duas as mensagens principais de Torroba:
Primeiro, que as Américas, por meio da agricultura e dos biocombustíveis, serão o principal fornecedor de matérias primas abundantes, econômicas e sustentáveis para produzir SAF, que se está convertendo na principal ferramenta de descarbonização do setor.
Segundo, que são necessários padrões internacionais harmonizados sobre os critérios de sustentabilidade sob os quais os SAF são certificados, dado que diretivas como a de “ReFuel” da União Europeia podem chegar a ser inconvenientes.
A diretiva ReFuel da União Europeia é uma política que promove os SAF nesse continente, porém que proíbe o uso de matérias primas abundantes e sustentáveis que se produzem nas Américas, como o milho, a cana de açúcar e o azeite de soja.
Para Torroba, os critérios de neutralidade no uso de matérias primas e tecnologias são essenciais para o desenvolvimento de mercados baseados em critérios de sustentabilidade que possam ser demonstrados e baseados na ciência.
“O agro e o setor de biocombustíveis terrestres das Américas serão críticos para a produção de SAF. Quando falamos de fornecimento de matérias primas, principalmente as de origem biológico, mais de 20 anos no desenvolvimento de um mercado massivo de biocombustíveis líquidos orientados para o setor de transporte terrestre nos deixaram lições aprendidas que podem servir para o desenvolvimento dos SAF”, assegurou Torroba.
O balanço deste evento sugere que a primeira grande lição é que as matérias primas que se usem para produzir biocombustíveis e SAF devem ter três características fundamentais: ser econômicas, abundantes e sustentáveis.
Isso é assim porque se precisa de matérias primas abundantes para abastecer as escalas das plantas de produção de SAF; devem ser econômicas para chegar ao menor custo possível para não encarecer os preços para o público; e devem ter critérios de sustentabilidade certificáveis e baseados na ciência para assegurar que os SAF sejam melhores que os combustíveis fósseis em termos ecológicos e sociais.
Os critérios de neutralidade no uso de matérias primas e tecnologias são essenciais para o desenvolvimento de mercados baseados em níveis de sustentabilidade que possam ser demonstrados e baseados na ciência.
A padronização de critérios de sustentabilidade pode facilitar economias de escala na produção de SAF, tornando-a mais rentável e atraente para o investimento. Ao alinhar padrões e reduzir custos associados com a certificação, os países podem aumentar a confiança na sustentabilidade dos SAF e contribuir para criar um mercado dinâmico, confiável e abundante.
“O outro obstáculo é que na região o desenvolvimento de políticas públicas e normas vem atrasado. Porém, sou mais otimista nesse ponto, já que a ausência de políticas públicas em um tema tão novo pode ser uma vantagem para aprender de outros países que tem avançado e tomar lições aprendidas no projeto de políticas”, concluiu Torroba.
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