O IICA apresentará na COP-27 documento sobre marcos da agricultura sustentável que unem os países das Américas no combate à mudança do clima e no cuidado do meio ambiente
São José, 2 de novembro de 2022 (IICA) - As mais importantes realizações da agricultura das Américas no combate e na mitigação da mudança do clima e na proteção do meio ambiente e dos recursos naturais, pontos comuns entre os países da região, serão apresentadas ao mundo pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na 27ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-27), que se realizará neste mês no Egito.
A COP-27 reunirá chefes de Estado e de Governo, ministros e negociadores, ativistas climáticos, prefeitos, representantes da sociedade civil e de organizações privadas naquele que será o encontro anual mais importante sobre ação climática, do qual se espera a adoção de medidas essenciais para o enfrentamento da emergência climática.
Nesse evento global, o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, apresentará o documento “Marcos de uma agricultura sustentável nas Américas”, que descreve diversas experiências bem-sucedidas desenvolvidas nas zonas rurais nos últimos anos, narradas por seus protagonistas de maneira detalhada, didática e com rigor científico.
“Sabemos que nossos sistemas agroalimentares são perfectíveis, mas também estamos convencidos de que não são sistemas malsucedidos. Estão sendo feitas muitas coisas boas em matéria de sustentabilidade ambiental, e esses casos, generalizados no continente, demonstram isso”, afirmam, no prólogo do documento, Manuel Otero, Diretor Geral do IICA, e Rattan Lal, Diretor do Centro de Gestão e Sequestro de Carbono (C-MASC) da Universidade Estadual de Ohio, considerado a autoridade máxima mundial em ciências do solo.
Rattan Lal é, além disso, Enviado Especial do IICA à COP-27.
“A agricultura sustentável e os sistemas agroalimentares das Américas exercem uma função estratégica no nível global e no interior dos países da região: cumprem um papel insubstituível na recuperação e sustentabilidade socioeconômica e na segurança alimentar, e sua contribuição é decisiva para o desenvolvimento harmonioso no econômico e social”, indicam Otero e Lal.
Com esse novo e valioso material, o IICA indica que a agricultura das Américas será a protagonista na nova edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, na qual se tomarão decisões centrais sobre a forma que o desenvolvimento econômico e social assumirá nos próximos anos.
O objetivo da apresentação é fazer com que o setor agrícola seja entendido como parte fundamental das soluções para enfrentar a mudança do clima e contribuir para a transformação dos sistemas agroalimentares mundiais por meio de um processo baseado na ciência e que tenha os agricultores como atores centrais.
Destinado ao público em geral e aos especialistas, o documento traz informações sobre o plantio direto ou agricultura de conservação, o sistema intensivo de cultivo de arroz (SRI), os sistemas agrossilvipastoris, as pastagens naturais, o aproveitamento dos subprodutos do café, a pecuária sustentável e as boas práticas que vêm sendo adotadas nos países do Caribe.
Trata-se de experiências bem-sucedidas do setor agropecuário do continente americano, que está embarcado na transição para sistemas agroalimentares mais inclusivos, resilientes e sustentáveis, com base no princípio de se produzir mais com menos.
Esses exemplos de equilíbrio entre produtividade e cuidado do meio ambiente que o IICA mostra ao mundo evidenciam que a preocupação pela sustentabilidade da agricultura nas Américas se transformou em ação.
Como se vê no documento, o continente gerou um volume inestimável de conhecimento científico relacionado com a segurança alimentar e nutricional, a agricultura e a inovação e sua relação com a mudança do clima.
A expansão desse conhecimento é uma tarefa urgente em momentos em que uma superposição de crises – ambiental, sanitária, bélica, econômica e social – ameaça a segurança alimentar do planeta.
Experiências em primeira pessoa
O plantio direto, com sua ampla gama de benefícios em favor da conservação ambiental, transformou positivamente a agricultura em diversos países do mundo, mas em nenhuma região gerou uma revolução tão profunda e veloz como nos países das Américas, especialmente na região do Cone Sul.
É um sistema baseado nos princípios da agricultura de conservação: não utilizar o preparo do solo, conservar a camada dos resíduos dos cultivos e adotar rodízios complexos que incluam plantios de cobertura. A Associação Argentina de Produtores em Plantio Direto (AAPRESID), entidade de referência no plano mundial, dá detalhes de sua experiência no documento.
O Sistema Intensivo de Cultivo de Arroz (SRI) permitiu a agricultores de diversos países da América Latina reduzir o consumo de água em até 50% nesse cultivo essencial para a segurança alimentar, como contam técnicos do IICA e do Instituto Nacional de Pesquisas Agropecuárias (INIA) do Chile.
Os sistemas agrossilvipastoris, que integram árvores, cultivos e atividade de criação de gado na mesma terra, são uma prática cada vez mais comum entre os produtores pequenos e médios das regiões de mata do continente, os quais promovem assim a diversidade biológica e favorecem a restauração de zonas degradadas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), instituição estatal de excelência, relata sua longa trajetória nesse tema.
A boa gestão de pastos naturais por produtores pecuaristas da região também está fazendo contribuições substantivas e permite a preservação de grandes superfícies de ecossistemas que albergam biodiversidades únicas e contribuem para a mitigação da mudança do clima. É o que relatam no documento peritos do Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (INIA) do Uruguai.
Além disso, são descritas em detalhe experiências de pecuária sustentável em diversos países, que conseguiram mitigar a emissão de gases de efeito estufa (GEI) da atividade, fomentar o bem-estar animal, favorecer o arraigamento das famílias e fortalecer a economia familiar. A Mesa-Redonda Global para a Carne Sustentável (GRSB), que impulsiona boas práticas na região em colaboração com o IICA, é um dos protagonistas desse capítulo.
Em muitos países da região, o pleno aproveitamento dos subprodutos do café levou a uma verdadeira revolução mediante um conceito de bioeconomia. A novidade não só tem agregado valor, gerado riqueza e permitido diversificação de renda aos agricultores, mas também contribuiu significativamente para a sustentabilidade de uma atividade que é o verdadeiro motor da economia rural da região. Profissionais do Instituto do Café da Costa Rica (ICAFE) dão conta de suas realizações.
O documento fala ainda dos enormes avanços obtidos pelos agricultores do Caribe a partir de extensas redes de colaboração recíproca e transfronteiriça para a geração de maior resiliência e produtividade em uma das regiões do mundo mais afetadas pela mudança do clima, onde os países estão fazendo um grande esforço para reduzir sua dependência tradicional das importações de alimentos.
O documento é um testemunho de que a agricultura sustentável e os sistemas agroalimentares das Américas oferecem soluções estruturais para os mais graves problemas enfrentados pela civilização humana.
Nosso continente, onde se origina um de cada quatro produtos agropecuários no nível global, não é só avalista da segurança alimentar e nutricional do mundo. Desempenha também um papel estratégico para a segurança ambiental do planeta, dada a riqueza de seus recursos naturais e a atuação dos agricultores das Américas como verdadeiros guardiões da biodiversidade.
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