O IICA coloca à disposição as experiências de sete países das Américas que fortaleceram seus sistemas agroalimentares diante da Covid-19
San José, 30 de setembro de 2020 2020 (IICA). A sistematização de boas práticas de curto e médio prazo de sete países da América Latina e Caribe para manter ativos os sistemas agroalimentares e garantir a segurança alimentar em tempos de pandemia foi disponibilizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) para sua adaptação e implementação em outros países do hemisfério.
As experiências de como os Ministérios e Secretarias de Agricultura do Brasil, Granada, México, Peru, Uruguai, São Vicente e Granadinas e Trinidad e Tobago mantiveram o fluxo comercial de produtos agrícolas e o abastecimento inócuo de alimentos foram sistematizadas como parte dos esforços do IICA para promover a cooperação horizontal entre os países da região.
“Desde o início da pandemia, os Secretários e Ministros de Agricultura das Américas, com o apoio e a coordenação do IICA, realizaram várias reuniões regionais e hemisféricas de alto nível para impulsar medidas nacionais e regionais que visem manter em funcionamento a produção agropecuária, o comércio intra e inter-regional e o acesso a alimentos inócuos, com o objetivo de resguardar a segurança alimentar das populações do hemisfério ante os efeitos da Covid-19 e seus impactos na economia ”, explicou Manuel Otero, Diretor-Geral do IICA.
As ações dos sete países têm como foco manter em funcionamento os sistemas agroalimentares e os canais de distribuição, apoiar os agricultores familiares na colocação de seus produtos em condições inócuas e permitir o abastecimento e disponibilização de alimentos aos consumidores de forma segura, seguindo as medidas e protocolos sanitários exigidos pela pandemia em cada nação.
Iniciativas na prática
Uma das experiências sistematizadas é Feiras Livres com serviço Drive-thru para venda de frutas e verduras no Brasil. Estas acontecem no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Piauí, São Paulo, Roraima, Minas Gerais, Bahia e Paraná.
Nessas feiras o público pode comprar os produtos de seus veículos. O objetivo é evitar aglomerações de pessoas sobre os alimentos como frutas, verduras e legumes. Os consumidores também podem fazer seus pedidos por telefone e estipular um horário para retirá-los, minimizando o contato com produtores, agricultores ou comerciantes, propiciando um ambiente mais inócuo que o das feiras livres comuns.
No Uruguai, a iniciativa que se realiza é o Sistema virtual de comercialização agropecuária que permite a compra e venda de gado sem a necessidade de deslocamento ao local do leilão, gerando adicionalmente um mercado mais transparente na formação de preços, com maior concorrência e liberdade de acesso à informação do produtos por meio de catálogos e vídeos, e com menores custos gerais de transação de bovinos e ovinos, entre outros benefícios.
Se ressalta também o Consórcio IICA- Rede de Bancos de Alimentos do México (BAMx): Para o resgate de alimentos no México, que visa apoiar a coleta de alimentos por meio da mobilização e fretamento em benefício de grupos vulneráveis, oferecendo proteção sanitária para as pessoas e instalações onde os alimentos serão recolhidos e distribuídos.
Em maio, essa iniciativa foi lançada no Banco de Alimentos de Cancún, Quintana Roo, um dos 55 da rede, onde foi apoiada a compra de 11 toneladas de feijão preto e 13 toneladas de arroz para beneficiar 11 mil pessoas marginalizadas de territórios rurais e indígenas desta área turística, severamente afetada pelos efeitos da pandemia devido ao fechamento de hotéis, complexos turísticos e restaurantes, que deixou milhares de trabalhadores em situação de vulnerabilidade alimentar.
Este projeto também beneficia os empregados e voluntários do Banco de Alimentos de Cancún, ao receber treinamento e insumos médicos de segurança para prevenir possíveis contágios por Covid-19.
Outra das sistematizações realizadas é a Implementação de mercados itinerantes no Peru, que busca abastecer a população, principalmente os grupos mais vulneráveis, com bens de primeira necessidade provenientes dos locais de produção. Isso é feito com o objetivo de contrariar a especulação, o monopólio e a elevação injustificada dos preços dos produtos agropecuários e agroindustriais, e, assim, possibilitar o abastecimento normal dos produtos diante da situação de emergência do país.
Com essa ideia, os produtores rurais têm a oportunidade de comercializar seus produtos de primeira necessidade diretamente aos consumidores a preços justos, e os mercados estão localizados em lugares acessíveis às populações vulneráveis.
Enfoque inovador para gerir riscos e facilitar o comércio intrarregional durante a pandemia de Covid-19 na região do Caribe também faz parte das ações compiladas pelo IICA. É aplicado em Granada, São Vicente e Granadinas e Trinidad e Tobago.
Trata-se de um sistema digital de emissão rápida de certificados fitossanitários, com o fim de evitar atrasos e interrupções nos fluxos comerciais de produtos frescos entre as três nações. Faz parte dos esforços para assegurar o abastecimento de alimentos e facilitar as importações e exportações com referência específica a plantas e produtos vegetais durante as medidas extremas de mitigação da pandemia.
“O IICA, por meio de suas representações nos países membros, continuará a compilar as medidas inovadoras adotadas pelos setores agropecuário e rural do Hemisfério em face da pandemia. Até o momento, contabiliza mais de 500 medidas concretas de gestão do sistema agroalimentar, para mantê-lo e fortalecê-lo no contexto atual.” afirmou o Diretor-Geral do Instituto, Manuel Otero.
As sistematizações podem ser acessadas pelo link https://iica.int/pt/iniciativas-sist-agroalimentarios
Mais informação:
Pedro Avendaño, Especialista em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Territorial do IICA.
pedro.avendano@iica.int
Marco Zapata, Coordenador da Região Andina do IICA.