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O IICA e parceiros internacionais lançam documento que põe em primeiro plano o valor do trabalho de cuidados, realizado habitualmente por mulheres nos territórios rurais

Primera
No documento, distintos atores se unem no chamado à intensificação das ações com a força de todas as instituições ligadas ao meio rural.

 

São José, 21 de outubro de 2024 (IICA) – Com a colaboração de parceiros de todos os setores da comunidade internacional, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) apresentou um novo estudo, que ressalta a importância de se reconhecer e valorizar o trabalho de cuidados, realizado habitualmente pelas mulheres nos territórios rurais.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a ONU Mulheres, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Banco Mundial, o CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe, a Rede de Mulheres Rurais da América Latina e do Caribe, a Comissão Interamericana de Mulheres (CIM), a Fundação Microfinanças BBVA e a Fundação Complutense de Madrid (FGUCM) são as instituições que, com o IICA, participaram da elaboração do documento.

“A economia dos cuidados nos territórios rurais das Américas: Ações coletivas para reduzir as lacunas de gênero” é o título do documento, em que distintos atores se unem no chamado à intensificação das ações com a força de todas as instituições que atuam no meio rural. O objetivo é contribuir para a construção de sociedades em que as mulheres e os homens tenham as mesmas oportunidades de participar e tomar decisões no âmbito dos sistemas agroalimentares.

O trabalho foi apresentado na Quinta Edição do Foro Permanente de Ministras, Vice-Ministras e Altas Funcionárias das Américas (FOPEMA), espaço promovido pelo IICA em que as líderes políticas debatem e propõem as prioridades em matéria de gênero e mulheres rurais para o setor, que tradicionalmente vem sendo quase exclusivamente masculino.

Nas edições anteriores do Foro de Ministras, o tema do cuidado e da economia dos cuidados foi colocado como uma das grandes lacunas de gênero no campo.

O IICA liderou a iniciativa deste documento na convicção de que a potencialização do trabalho intersetorial com múltiplos atores e em diferentes níveis no meio rural, mediante novas parcerias e enfoques, permitirá o avanço da igualdade e assegurará a mobilização dos recursos necessários para tornar o trabalho com enfoque de gênero uma realidade nos sistemas agroalimentares das Américas.

“No IICA, sabemos que é fundamental construir sociedades em que as mulheres e os homens tenham as mesmas oportunidades de participar e tomar decisões no âmbito dos sistemas agroalimentares. Tendo isso em vista, o Programa de Equidade de Gênero e Jovens do Instituto elaborou esta publicação sobre os cuidados, com o objetivo de impulsionar a abordagem deste tema na agenda hemisférica desses sistemas e nos posicionar na Agenda para o Desenvolvimento Sustentável, bem como em outros compromissos nos planos hemisférico e global”, disse o Diretor Geral do organismo, Manuel Otero.

“As desigualdades por questão de gênero são numerosas, profundas e graves, particularmente no meio rural do continente americano. Por isso, desde em 2021 o IICA empreendeu a realização de uma série de foros com autoridades ministeriais e lideranças rurais, como uma ação coletiva voltada para contribuir política e tecnicamente para a redução das lacunas enfrentadas pelas mulheres nos entornos rurais”, acrescentou.

Por sua vez, Priscila Zúñiga, Gerente do Programa de Equidade de Gênero e Juventude do IICA, observou: “Diante da persistência de desafios como a pouca corresponsabilidade nos cuidados, a escassa cobertura desses serviços e a invisibilidade do trabalho agropecuário das mulheres, a ação colaborativa entre diversos atores, promovida por iniciativas como a Parceria Continental para a Segurança Alimentar e o Desenvolvimento Sustentável nas Américas do IICA ou a Declaração pelos Direitos das Mulheres, Adolescentes e Meninas em Entornos Rurais das Américas e a Década Interamericana pelos Direitos de Todas as Mulheres, Adolescentes e Meninas em Entornos Rurais das Américas, é fundamental na abordagem dessas desigualdades e na promoção de uma linha de trabalho conjunto que favoreça a igualdade de gênero e o desenvolvimento sustentável em todas as comunidades rurais do continente.”

 

As distintas perspectivas

O trabalho apresenta uma série de pesquisas empíricas e estudos de caso, que oferecem distintas perspectivas sobre como os cuidados afetam as dinâmicas econômicas, sociais e políticas e são por elas afetados. Propõe-se, neste sentido, fomentar uma participação e representação política mais democrática e inclusiva.

Nas zonas rurais das Américas, os cuidados exercidos pelas mulheres constituem um pilar fundamental em termos de apoio à produção agroalimentar e de fortalecimento da coesão social e do bem-estar comunitário.

A carga desproporcional dos cuidados que sobrecarregam as mulheres, impedindo-as de terem acesso a melhores oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional e perpetuando um ciclo de desigualdade que deve ser abordado com urgência, surgiu com grande força na pandemia de Covid-19, que exacerbou as desigualdades existentes.

A redistribuição dos cuidados – ressalta a publicação – ganha importância significativa devido ao fato de, historicamente, terem eles sido relegados ao círculo privado e associados sobretudo ao papel das mulheres. A falta de reconhecimento dos cuidados como trabalho gera sua invisibilidade, o que faz com que não sejam quantificados nem remunerados.

No contexto dos sistemas agroalimentares, os cuidados abrangem não só a manutenção da saúde, o bem-estar dos produtores e das unidades familiares e a preservação das comunidades rurais, mas também o cuidado dos menores de idade, das pessoas com deficiência e dos idosos, além do autocuidado.

Assim, os artigos desenvolvem o conceito de economia do cuidado, com base em que o trabalho gera bem-estar às pessoas e cria valor, pelo que se pode considerar um bem ou serviço econômico.

Na publicação, conclui-se que, embora as mulheres sejam as mais afetadas, a solução desse problema requer, além da ação delas, a participação de todas as instâncias do sistema.

A persistência de desafios como a pouca corresponsabilidade nos cuidados, a escassa cobertura desses serviços e a invisibilidade do trabalho agropecuário das mulheres reflete a forte necessidade de uma ação colaborativa entre diversos atores, promovida por iniciativas como a Parceria Continental para a Segurança Alimentar e o Desenvolvimento Sustentável nas Américas do IICA.

A ação coletiva, em consequência, é essencial para a abordagem dessas desigualdades e para a promoção de uma linha de trabalho que favoreça a igualdade de gênero e o desenvolvimento sustentável em todas as comunidades rurais do continente.

O documento faz, assim, uma contribuição à avaliação da realidade das mulheres rurais e identifica as lacunas estruturais que reproduzem as desigualdades de gênero, com a missão de promover a mudança necessária para garantir a igualdade de todas as pessoas nos sistemas agroalimentares.

Trata-se de uma publicação desenhada para servir de guia para os formuladores de intervenções públicas e privadas, a academia, o pessoal técnico e os diversos atores que atuam na vida rural, com vistas a que o tema dos cuidados seja incorporado como um elemento importante para levar à igualdade entre todas as pessoas, à redução das lacunas de gênero, à segurança alimentar, à saúde e ao bem-estar das populações rurais.

 

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int