O setor de agronegócio da América Latina apoia a construção de alianças e a criação de uma nova visão de desenvolvimento após o COVID-19
Cidade do México, 6 de julho de 2020 (IICA). O setor agroalimentar da América Latina exige uma visão renovada da crise gerada pela pandemia da COVID-19 e o papel do setor privado é estratégico para desencadear a reativação das economias dos países, concordaram os especialistas participantes do Fórum Virtual da Agroempresa Hemisférica Virtual, organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Funcionários, empresários e produtores participantes mencionaram o papel e as ações a serem seguidas pelo setor agroalimentar, para ajudar a atender às necessidades associadas à pandemia com uma visão renovada do multilateralismo, políticas públicas e novas visões de produtividade e sustentabilidade, para detonar o desenvolvimento das nações.
Em um exercício anterior ao fórum, foi apresentado o resultado de uma pesquisa entre empresários de 27 países da América Latina e do Caribe, que consideraram que o novo papel do setor privado deveria ser orientado para melhorar a inovação, o comércio, as alianças estratégicas e a integração de cadeias de valor, bem como a diversificação de mercados e a priorização da saúde do trabalhador.
O Diretor-Geral do UCA, Manuel Otero, destacou em sua mensagem de boas-vindas ao fórum que a crise da saúde causada pelo coronavírus coloca o setor agroalimentar em uma posição estratégica para a reativação da economia e é uma nova oportunidade para construir novas visões de desenvolvimento.
Miguel García Winder, subsecretário de Agricultura do México, indicou que a pandemia da COVID-19 evidenciou fragilidades nos sistemas agrícolas do hemisfério, mas ao mesmo tempo deu a oportunidade de repensar os papéis e ações que são desenvolvidos no setor público e privado.
Entre essas oportunidades, está a possibilidade de reestruturar os sistemas alimentares, para que se concentrem em alcançar o bem-estar da sociedade, e para o setor de agronegócio redefinir seus esquemas operacionais e a prestação de serviços aos consumidores, destacou ao participar em nome do Secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural do México, Víctor Villalobos.
"Existe a responsabilidade de manter aberto o fluxo comercial e fortalecer as instituições governamentais que contribuem em questões de pesquisa, inovação e educação para antecipar requisitos futuros", afirmou.
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura do Brasil, destacou a necessidade de criar uma forte aliança dos setores público e privado para melhorar a produção e o suprimento de alimentos e promover uma aproximação com os parlamentos latino-americanos para mudar as leis em favor de indústria alimentícia.
Ele ressaltou que a digitalização, a conectividade e a automação serão incorporadas ao trabalho no campo e será necessário treinar e qualificar os técnicos que ajudam os pequenos agricultores, especialmente membros de cooperativas, nesta fase pós-COVID-19.
"Será essencial que produtores e governos nacionais ajam de maneira integrada para evitar injustiça ou discriminação, especialmente pelos países ricos contra países exportadores, e façam um esforço negociado entre diferentes governos para que possíveis normas protecionistas não causar desastres para os produtores rurais, especialmente os pequenos ", afirmou.
Susana Yturry, gerente de Agro exportação da Associação de Exportadores (ADEX); Xinia Chávez, Diretora Executiva do Instituto Costarriquenho de Café (ICAFÉ); Daniel Pellegrina, Vice-presidente da Federação de Associações Rurais do Mercosul (FARM) e Vassel Stewart, Presidente da Associação de Agronegócios do Caribe, destacaram que a pandemia abriu uma janela de oportunidades para melhorar a produção, diversificar mercados e melhorar o uso de tecnologias.
Eles consideraram a necessidade de construir um setor preparado, competitivo e inovador, com fortes alianças públicas e privadas para enfrentar uma crise sanitária, econômica, social e ambiental sem precedentes, que os governos terão que resolver com a ação ativa e oportuna do setor agrícola e pecuário privado e uma sociedade civil organizada, pois a pandemia expôs a fragilidade das economias e a necessidade de repensar as agendas agroalimentares e energéticas do futuro.
Bosco de la Vega, Presidente do Conselho Nacional de Agricultura (CNA) do México, falou sobre o novo papel do setor em ajudar a construir uma agenda renovada que melhore o fluxo comercial de produtos agrícolas e entenda a importância da segurança e saúde alimentar, bem como rastreabilidade.
É um desafio, disse ele, aproximar as novas tecnologias dos pequenos produtores e ter políticas públicas voltadas para uma nova realidade, para que o setor agroalimentar seja vital para o desenvolvimento das nações, indicou durante o fórum virtual em que mais de 300 pessoas participaram da ALC.
Durante o evento, foi transmitido um vídeo do Secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México, Víctor Villalobos, no qual exortou a todos os setores a realizar um trabalho coordenado para orientar a geração de novas políticas para o setor agroalimentar mexicano e para o restante do país. América Latina, derivada da pandemia do COVID-19.
Mais informação:
Diego Montenegro, representante do IICA no México.