Os agricultores devem participar e ser escutados na elaboração de políticas públicas, assegurou Kip Tom, produtor agropecuário e ex-Embaixador dos EUA para agências da ONU em Roma
Buenos Aires, 8 de agosto de 2024 (IICA) - Os agricultores muitas vezes deixam que os políticos discutam e formulem políticas públicas agropecuárias, mas isso deve mudar para que a voz dos que produzem alimentos cada dia seja escutada e tomada em conta nas mesas de decisões.
Assim sinalizou Kip Tom, produtor agropecuário dos Estados Unidos e ex-Embaixador do seu país para as agências da ONU para a alimentação e a agricultura, com sede em Roma, e membro de uma família com várias gerações dedicadas à produção rural no Centro-Oeste do seu país.
Tom foi um dos palestrantes internacionais que se apresentou ante um auditório cheio no Congresso da Associação Argentina de Produtores de Semeadura Direta (AAPRESID), em Buenos Aires, no contexto de uma seção especial chamada “Os sistemas agroalimentares das Américas: perspectivas futuras e oportunidades para o produtor”. A seção foi organizada em conjunto com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
O IICA tem uma aliança estratégica com a AAPRESID, uma rede de produtores que há mais de 30 anos impulsiona sistemas de produção sustentáveis de alimentos, fibras e energia em milhões de hectares do campo argentino.
“Incito vocês a participarem”, disse Tom a centenas de produtores agropecuários presentes no prédio “La Rural” de Buenos Aires, que durante três dias é cenário de mais de 100 conferências simultâneas, com eixos nos aspectos econômico, produtivo e ambiental e social e tecnológico da agricultura.
O ex-Embaixador, que se definiu como “fundamentalmente, um agricultor” considerou que os produtores de todo o continente devem se unir e compartilhar experiências e ideias permanentemente. Nesse sentido, ponderou o papel do IICA para promover a resiliência nos países da América Latina e do Caribe, para construir capacidades e para catalisar a ação coletiva.
Solução para a crise climática
“É o agricultor que tem que levar adiante no campo as decisões que são tomadas em âmbitos políticos e assegurar que alimento esteja disponível e seja acessível para todos”, disse Tom, que considerou que “se existe uma solução para a crise climática, os agricultores, pelo seu conhecimento e seu cuidado do meio-ambiente, sem dúvida são parte dela”.
Tom enfatizou o papel da ciência e da tecnologia no agro e se referiu extensamente às melhoras tanto na produtividade como na sustentabilidade ao longo dos últimos anos.
Assim, contou uma história pessoal: “Pouco antes de morrer, o meu pai me pediu que o acompanhara a visitar uma fazenda familiar e falamos de agricultura e da vida no campo. Falamos dos rendimentos das colheitas quando eu era pequeno e dos atuais e comprovamos que cresceram oito vezes. Nada disso teria acontecido sem a inovação que tem existido na agricultura dos Estados Unidos e de outros países das Américas, que ainda não chegou à África”.
Durante sua palestra também enfatizou a importância de um comércio internacional de alimentos que não tenha limites injustificados que colocam em risco a segurança alimentar e a renda dos habitantes rurais.
“Temos que assegurar que as barreiras ao comércio não afetem a produção e que todas as políticas públicas estejam orientadas não à uma, mas às três dimensões da sustentabilidade: econômica, social e ambiental. Os governos devem criar as condições para que os agricultores gerem renda e contribuam ao cuidado do meio-ambiente ao mesmo tempo”.
“Com as políticas públicas adequadas, que favoreçam a inovação e a produtividade, que sejam abertas e flexíveis, os agricultores podemos conservar os recursos naturais, aumentar a quantidade de carbono no solo e ter um impacto positivo nos sistemas agroalimentares. Os agricultores só merecem agradecimento por continuar sonhando e desenvolvendo novas ideias para melhorar”, concluiu.
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