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Países das Américas e empresas agroalimentares avaliaram com Rattan Lal e o IICA os avanços e desafios do programa Solos Vivos das Américas

Suelos 2022
Solos vivos das Américas é um programa que se propõe ser uma ponte entre a ciência e as políticas públicas para o trabalho de restauração e proteção dos solos nas Américas, cuja degradação ameaça a posição de avalista da segurança alimentar global da América Latina e do Caribe.

São José, 29 de março de 2022 (IICA) – As realizações e os avanços da iniciativa Solos Vivos das Américas foram apresentados na primeira reunião do Comitê Diretor do programa, que reúne atores dos setores público e privado, universidades, organismos internacionais e organizações da sociedade civil no esforço comum de restauração na luta contra a degradação dos solos que ameaça solapar a produção de alimentos.
 
Trata-se de uma iniciativa internacional ambiciosa que está transformando o conhecimento científico em ação concreta, sob a liderança de Rattan Lal, considerado a autoridade mundial máxima em ciências do solo e Diretor do Centro de Gestão e Sequestro de Carbono (C-MASC) da Universidade Estadual de Ohio, e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
 
No encontro, foram revistas as ações que permitiram, desde o lançamento de Solos Vivos das Américas em dezembro de 2020, colocar como prioritária na agenda de países, organismos e companhias a questão da saúde dos solos, cuja preservação é imprescindível para se alcançar as metas de desenvolvimento sustentável perseguidas pelas nossas sociedades.
 
Participaram da reunião do Comitê Diretor do programa funcionários dos países que fazem parte da iniciativa – Brasil, Canadá, Colômbia, Chile, El Salvador, Paraguai, Peru e Uruguai. Também registraram presença diretores da Bayer, da Syngenta e da PepsiCo, empresas privadas importantes da indústria agroalimentar.
 
Contou-se também com a presença de representantes de mecanismos regionais de cooperação técnica e financiamento, como o Fontagro, o PROCISUR, a Comissão Interamericana de Agricultura Orgânica (CIAO) e a Associação de Produtores em Semeadura Direta (AAPRESID) da Argentina.
 
Na ocasião, foram apresentadas outras parcerias recentes, como a estabelecida com a Coalizão de Ação para a Saúde dos Solos (CA4SH), criada na Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas.
 
Essa Coalizão envolve atores públicos e privados com o objetivo de melhorar a saúde dos solos mediante a implementação e o monitoramento das políticas e das barreiras de investimento público e privado que limitam os agricultores no momento de adotar práticas benéficas para os solos.
 
“O mundo está em uma encruzilhada que não podemos ignorar, pela conjunção do conflito bélico na Europa, da mudança do clima e da pandemia de Covid-19, da qual felizmente estamos saindo", afirmou o professor Lal, que é Embaixador de Boa Vontade do IICA e foi recentemente designado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, como membro da Junta de Desenvolvimento Internacional da Alimentação e da Agricultura (BIFAD).
 
Lal chamou a atenção para a diminuição das terras cultiváveis em muitos países, o que pode impactar a disponibilidade de alimentos no mundo. “Essa iniciativa se baseia em um conceito que está no coração de todos nós: o solo é a fonte de vida. A nossa prioridade é apoiar os pequenos produtores agropecuários na adoção de práticas sustentáveis e assegurar que nenhum fique par trás”, afirmou.
 
Os compromissos assumidos pela Bayer voltados para a sustentabilidade na sua relação com produtores e consumidores foram detalhados pela gerente regional da companhia, Beatriz Arrieta, entre os quais a redução de 30% dos gases de efeito estufa da produção agrícola, a diminuição de 30% do impacto ambiental dos cultivos de maior rendimento e a melhoria dos meios de vida de 100 milhões de pequenos agricultores que ganharam acesso a formas de produção sustentáveis.
 
Paula Uribe e Arturo Durán, diretores da PepsiCo, explicaram que as iniciativas da empresa incluem práticas de campo regenerativa em 7 milhões de acres no nível global, a redução do uso absoluto de água e o compromisso de se chegar a emissões zero em 2040 com o aumento do uso de energias renováveis.
 
“Ficamos surpresos com tudo o que se avançou e confirmamos que caminhamos na mesma direção, que é o caminho correto”, afirmou Patrícia Toledo, da Syngenta, que detalhou a iniciativa da companhia no Brasil, focada na restauração de 100.000 hectares de solos degradados.
 
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, expressou o compromisso do Instituto com a transformação e o fortalecimento dos sistemas agroalimentares como requisito fundamental para o desenvolvimento cada vez mais sustentável do planeta.
 
“Solos Vivos das Américas integra os setores público e privado para a elaboração da agenda de saúde dos solos, não parando no diagnóstico, mas promovendo ações efetivas e abraçando o enfoque de Uma só saúde”, acrescentou.
 
Otero considerou que a agricultura deve ser vista como parte da solução dos desafios enfrentados pela humanidade e valorizou os avanços rumo à sustentabilidade obtidos pelo setor agroalimentar das Américas. “Não estamos dizendo” – afirmou – “que são sistemas perfeitos – são aperfeiçoáveis; o que não aceitamos é que se fale de sistemas malsucedidos e se pretenda debater em termos de culpados e inocentes”.
 
O Diretor Geral do IICA, ao concluir a sua intervenção fez um apelo à instalação da agenda da sustentabilidade da agricultura no centro da próxima conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-27 do Egito, e em outros foros internacionais.
 
Fernando Camargo, Secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, revelou que o seu país tem cerca de 90 milhões de hectares com algum nível de degradação devido à adoção de sistemas produtivos que não são conservacionistas. Lembrou que, para enfrentar esse problema, “há mais de uma década o Brasil lidera políticas estratégicas para fomentar a gestão sustentável do solo”.
 
“O projeto Solos Vivos das Américas está totalmente alinhado com os nossos objetivos”, disse Bob Turnock, do Ministério da Agricultura e Agroindústria do Canadá. “Consideramos que a ciência” –acrescentou – “deve ser prioridade porque é a única via que nos permitirá crescer”.
 
Juan Arias, da Divisão de Recursos Naturais Renováveis do Chile, informou que nos últimos anos o seu país apoiou 150.000 produtores, que correspondem a 1.750.000 hectares de superfície, na gestão sustentável dos solos. “Esse programa”, ressaltou, “constitui uma oportunidade para a melhoria e construção de mecanismos de ação direta”.
 
Angelo Quintero Palacio, Diretor de Inovação, Desenvolvimento Tecnológico e Proteção Sanitária da Colômbia, valorizou o papel do IICA como parceiro do seu país em todas as iniciativas para preencher lacunas na ruralidade. O funcionário relatou que a Colômbia se fixou a meta de ser carbono neutro até 2050, “não como uma promessa de campanha política, mas como um compromisso real”.
 
Por sua vez, José Carlos De la Cruz Espinoza, do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Irrigação do Peru, explicou que está em curso no país andino “uma segunda reforma agrária, em que damos ênfase maior à conservação do recurso solo como prioridade para a construção de uma agricultura sustentável”.
 
Magdalena López, do Ministério da Agricultura e Pecuária de El Salvador, deu detalhes das políticas de conservação, gestão e restauração dos solos implementadas na nação centro-americana. “El Salvador é muito vulnerável aos efeitos da mudança do clima. Com o Plano Mestre de Resgate Agropecuário estamos fazendo a transição para uma agricultura baixa em carbono”, explicou.
 
“Trata-se de trabalhar em conjunto e buscar sinergias e complementaridades”, disse, por seu lado, o Diretor de Recursos Naturais do Uruguai, Martín Mattos, que considerou “imprescindível conscientizar o cidadão comum de que a sustentabilidade econômica, social e ambiental não são conceitos contrapostos”.

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