As parcerias público-privadas são imprescindíveis para a transformação dos sistemas agroalimentares, afirma o Diretor Geral do IICA ao BCIU
Nova York, 1 de outubro de 2021 – A construção de sólidas parcerias entre os setores público e privado e os organismos internacionais é fundamental para a transformação dos sistemas agroalimentares na busca pelo aumento da resiliência do setor agrícola e pela melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais, disse o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, em um encontro organizado pelo Business Council for International Understanding (BCIU).
Otero falou em uma mesa-redonda que tinha por objetivo a troca de informações, o compartilhamento de ideias e a criação de espaços de colaboração com autoridades do setor agrícola de diversos países e de organismos e representantes de companhias internacionais da área de produção de alimentos.
O encontro foi organizado pelo BCIU para discutir o futuro da agricultura depois da Cúpula sobre Sistemas Alimentares da ONU, realizada em 23 de setembro em Nova York.
O BCIU é uma organização internacional que promove a colaboração e o diálogo entre líderes políticos de diferentes nações, empresas, organismos internacionais e peritos em temas relevantes como caminho para a abordagem dos desafios globais mais complexos. Entre os seus mais de 150 membros figuram algumas das multinacionais mais importantes do mundo dos negócios e muitas das pequenas e médias empresas de maior dinamismo.
A corporação internacional alimentar Cargill, as companhias de informática Microsoft e Sentrifuge, que trabalham na digitalização da agricultura, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID), as embaixadas de Alemanha, México, Chile e Argentina nos Estados Unidos, a Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos, a empresa alimentar Pepsico, a companhia financeira Capital Navigation Strategies, a empresa especializada em soluções no acesso à água Aquashares e a empresa israelita do setor agrícola Fait Holdings estiveram representadas na conversa.
Alguns dos que intercambiaram pontos de vista e questionaram Otero sobre o futuro dos sistemas agroalimentares na perspectiva das Américas – e a importância de desafios como a mudança do clima, a preservação dos recursos naturais e a revolução digital – foram Luciano Braverman da Microsoft, Conner Davidson da Sentrifuge, David Johanson da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos, Anne Murphy da Cargill, James Workman da Aquashares e Erez Fait, da Fait Holdings.
“O debate sobre o futuro dos sistemas alimentares nos interessa a todos, porque envolve o influi no futuro de todas as atividades humanas. Por isso, é tão valiosa esta conversa”, observou Patrick Santillo, Vice-Presidente Sênior do BCIU e apresentador da mesa-redonda.
“Quando me perguntam sobre a natureza do IICA, respondo que somos uma instituição ponte. Conectamos países, instituições e agricultores para a transformação dos sistemas agroalimentares. Estamos comprometidos com a agricultura e o desenvolvimento rural do continente e, especialmente, com a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais”, explicou Otero.
O Diretor Geral do IICA enfatizou que os números globais de exportações demonstram que as Américas são o continente mais importante do mundo no comércio agrícola, o que transforma o hemisfério em guardião da segurança alimentar e nutricional global, e também da sustentabilidade ambiental devido à riqueza dos seus ecossistemas.
Neste sentido, Otero lembrou que, no caminho para a Cúpula, o IICA enfatizou a necessidade de se reafirmar a importância de um comércio internacional aberto, transparente e previsível para favorecer uma transformação positiva dos sistemas agroalimentares.
“Há 18 meses, quando a Cúpula foi convocada”, relembrou, “quase ninguém falava da necessidade de se manter e aumentar o comércio internacional, como nós fazíamos. O IICA está totalmente comprometido com a defesa do comércio como ferramenta-chave para a segurança alimentar e o bem-estar das comunidades rurais”.
Na missão de aumentar a produtividade cuidando dos recursos naturais, Otero observou a importância da implementação de políticas públicas que completem a inserção no setor produtivo dos 16,5 milhões de agricultores familiares da região.
“Precisamos”, afirmou, “de uma agricultura mais responsável socialmente. Os agricultores devem estar no centro da cena e de todas as decisões. De forma muito especial, devemos fomentar a liderança de mulheres e jovens para que a agricultura e o setor rural tenham um futuro”.
Um dos temas que Otero mencionou como decisivos foi a necessidade de se promover o desenvolvimento da bioeconomia.
“Se queremos promover uma agricultura alinhada com a preservação do meio ambiente e os recursos naturais, que utilize a inovação e as tecnologias para aumentar a produtividade e a renda, teremos que aproveitar os resíduos, a biomassa que está quase sempre no solo e usar todas as matérias-primas que podem ser industrializadas. Estamos treinando cerca de 3.000 pessoas do continente nos fundamentos da bioeconomia”, indicou.
O IICA esteve fortemente envolvido no processo que levou à Cúpula sobre Sistemas Alimentares. O Instituto promoveu e coordenou um extenso processo de diálogos e busca de consensos que culminou em um documento para a Cúpula respaldado por todos os países do hemisfério. Trata-se de um conjunto de 16 mensagens-chave sobre o papel insubstituível da agricultura, a centralidade dos agricultores como protagonistas da produção alimentar e a convicção de que a agricultura é parte da solução dos desafios enfrentados pela humanidade.
“Fomos o único continente no mundo que se apresentou com uma mensagem unificada. Agora temos que seguir em frente para fortificar a nossa posição, porque somos atores-chave na nutrição e na segurança alimentar”, destacou Otero.
“Abrimos as portas do IICA”, concluiu, “ao setor privado e às ONGs. Também criamos parcerias com universidades e centros de excelência e construímos uma relação mais estreita com países e agricultores. Cremos que a cooperação técnica internacional tradicional terminou. Hoje temos que pensar em novos enfoques, porque todas as questões são transversais, requerem modalidades colaborativas e não podem ser resolvidas por somente um país. A pandemia evidenciou a necessidade de uma nova solidariedade”.
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