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Produção agroalimentar pode contribuir para a mitigação da mudança do clima, diz Diego Arias, Gerente de Agricultura e Alimentação do Banco Mundial

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“O setor agroalimentar está em condições de captar mais recursos para se adaptar à mudança do clima e também para contribuir para a sua mitigação”, disse Arias durante a entrevista.

 

São José, 4 de julho de 2023 (IICA) — A agricultura tem uma tarefa desafiadora para se adaptar ao impacto da mudança do clima, mas também pode contribuir para reduzir a emissão global de gases de efeito estufa, afirmou Diego Arias, Gerente do Programa de Agricultura e Alimentos do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, em uma entrevista no AgroAmérica, programa transmitido pelo canal de TV Agro Mais, do Brasil.

“A agenda ambiental do setor já não consiste somente em se adaptar, mas também em contribuir para a mitigação da mudança do clima. Devemos trabalhar para que os pequenos agricultores possam demonstrar suas contribuições em termos ambientais”, afirmou.

Arias contou que o Banco Mundial concede financiamento, geralmente não reembolsável, a cooperativas ou associações de agricultores que apresentem o que se chama de “projetos verdes”, que não visam apenas à melhoria da produtividade, mas também a apoiar a adaptação ou a mitigação da mudança do clima.

“As cooperativas ou associações devem apresentar um plano de negócios aos ministérios da agricultura dos países, uma vez que é por esse canal que o Banco Mundial concede o financiamento. Assim estabelecemos parcerias produtivas, em que damos subsídios destinados a sustentar boas práticas e abrir novos mercados”, explicou.

Durante a entrevista, Arias informou que o Banco Mundial é um organismo multilateral do crédito cujos donos são os países. Seu conselho é composto por ministros de finanças e presidentes de Bancos Centrais. O apoio aos países é oferecido via financiamentos, por meio de empréstimos e doações, e pelo trabalho analítico, que consiste na elaboração de estudos e aporte de assistência técnica.

São três os pilares — disse o funcionário — em que se baseia a política do Banco Mundial no tema de agricultura e alimentação: seu papel econômico, uma vez que o setor constitui o meio de vida para as famílias rurais, que em sua maioria se dedicam à agricultura de pequeno porte; a contribuição do setor agrícola para o cuidado ambiental, por seu vínculo com a mudança do clima e a conservação da biodiversidade; e sua estreita relação com a segurança alimentar.

 

O impacto dos eventos extremos

“Nos últimos 15 ou 20 anos o Banco Mundial recebeu um grande volume de demandas dos países da América Latina e do Caribe vinculadas ao aumento da volatilidade do clima e de eventos extremos, que são cada vez mais frequentes e impactam na produção agroalimentar. Nós os apoiamos com financiamentos e estudos estratégicos para favorecer a adaptação a essa nova realidade”, divulgou Arias, que tem Doutorado em Economia Agroalimentar e Ambiental.

“Temos realizado — acrescentou — muitos investimentos em pesquisa, por exemplo, para produzir sementes resistentes à seca, sistemas de gestão de água mais eficientes ou agricultura de precisão. O objetivo é fazer com que os agricultores sejam mais resilientes a esses choques. Também trabalhamos com instrumentos financeiros, como seguros agrícolas”.

Neste sentido, deu alguns exemplos de casos em que o Banco Mundial havia financiado e dado assistência técnica a projetos de agricultura climaticamente inteligente, que tem como eixo a irrigação por gotejamento, sistemas que combinam pecuária e silvicultura, o plantio direto ou a agricultura de precisão com tecnologias digitais que contribuem para reduzir o uso de fertilizantes ou herbicidas.

“Há hoje no mundo — revelou — um bilhão de dólares destinados ao financiamento do clima, dos quais apenas 2% são para o setor agroalimentar. Isso acontece porque a grande maioria dos agricultores é de pequeno porte e relatar e verificar os benefícios ambientais que elas aportam com suas propriedades rurais é muito custoso. Estamos trabalhando com diversos parceiros e países em como fazer a verificação da redução de emissões em unidades agrícolas pequenas, para que os agricultores familiares possam receber o financiamento climático. É possível fazê-lo por imagens de satélites, evitando fazer a medição e o monitoramento de cada agricultor individual”.

No final da entrevista, Arias assegurou que o setor agroalimentar está em condições de captar mais recursos para se adaptar à mudança do clima e também para contribuir para a sua mitigação: “Esses recursos devem ser aproveitados pela agricultura familiar, que tem um papel fundamental tanto no aspecto econômico como no ambiental, bem como na manutenção da segurança alimentar”.

Agro América é um programa do canal brasileiro de TV Agro Mais, do Grupo Bandeirantes de Comunicação, e fruto de uma parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A transmissão apresenta a atualidade do setor agropecuário e da ruralidade nos países membros do IICA, com o objetivo de promover a troca de experiências e uma discussão sobre os desafios e as oportunidades da América Latina e do Caribe na área de desenvolvimento agropecuário e rural.

 

 

 

 

 

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int