Produtores comprometidos com a sustentabilidade da agricultura fazem convocatória a fortalecer a cooperação global e articulação público-privada no Congresso com destacada participação do IICA
Buenos Aires, 9 de agosto de 2024 (IICA) - Produtores agropecuários e referentes do setor privado e da ciência fizeram uma convocatória a fortalecer a cooperação global para resolver os desafios que enfrenta o planeta e concordaram que a América Latina é líder das transformações que está realizando o agro no mundo.
A inauguração do Congresso da Associação Argentina de Produtores de Semeadura Direta (AAPRESID), rede que trabalha há mais de 30 anos pela sustentabilidade da atividade, reuniu em Buenos Aires umas 7.500 pessoas, inclusive produtores, representantes de empresas e referentes do setor acadêmico comprometidos com a inovação como ferramenta central para a sustentabilidade agropecuária.
O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) tem uma destacada participação no Congresso da AAPRESID, a partir de uma aliança estratégica que visa reforçar a agenda os temas do futuro, que vinculam ciência e produção com o foco na transformação da agricultura, os cenários da inovação e a mitigação e a adaptação à mudança climática.
Na abertura do congresso, que inclui mais de 100 conferências durante três dias de trabalho, ocorreu o primeiro dos painéis da seção especial projetada pela AAPRESID junto ao IICA, sobre os sistemas agroalimentares das Américas, suas perspectivas futuras e oportunidades para o produtor.
Marcelo Torres, Presidente da AAPRESID, abriu o painel, em que participaram o laureado professor Rattan Lal, Prêmio Mundial da Alimentação 2020 e considerado a máxima autoridade global em ciências do solo; Izabella Teixeira, Assessora Especial do IICA para o G20 e as COP 29 e 30, e ex-Ministra do Meio-Ambiente do Brasil; Kip Tom, produtor agropecuário e ex-Embaixador dos Estados Unidos para as agências da ONU em Roma; Joachim Von Braun, prestigioso cientista alemão da Universidade de Bonn, Alemanha; e Manuel Otero, Diretor Geral do IICA. O moderador foi o destacado economista Roberto Bisang, professor da Universidade de Buenos Aires (UBA).
O IICA, ator essencial para o posicionamento
Torres destacou o valor da colaboração entre AAPRESID e o IICA e chamou a atenção sobre a necessidade de potencializar as redes de trabalho entre os principais atores da agricultura que favoreçam a transformação necessária para uma maior produtividade e sustentabilidade.
“Nossa aliança com o IICA é estratégica porque o Instituto é um ator essencial para o posicionamento da agricultura das Américas no debate global. Conseguem isso com ações concretas e contundentes, como sua parte na defensa da agricultura nas COP, principal fórum global de negociação climática”, sinalizou.
“Precisamos de um espírito colaborativo global para resolver desafios cada vez mais complexos. A promoção de sistemas de produção sustentável que permitam produzir mais com menos por meio do intercâmbio de conhecimentos é essencial. A região pode ser referente para essas transformações, com a participação ativa dos produtores”, adicionou Torres.
Von Braun deu sua visão sobre o papel da América Latina como um ator crítico para o futuro dos sistemas agroalimentares e considerou que um caminho inevitável é o fortalecimento da bioeconomia, que definiu como o uso de recursos biológicos renováveis para produzir alimentos, energia e produtos industriais, que fortaleçam a sustentabilidade.
“A bioeconomia está emergindo como uma força de transformação para o desenvolvimento sustentável. Há uma oportunidade para a região de liderar, dados os seus recursos, sua biodiversidade, suas capacidades científicas e as demandas globais”, disse o cientista.
“Os sistemas agroalimentares têm que ir além dos commodities e as cadeias de valor para abraçar todas as oportunidades que a agricultura oferece às pessoas e ao planeta.”
Uma nova filosofia
Pelo seu lado, Rattan Lal explicou que a nova transformação da agricultura se deve basear na saúde do solo, a resiliência, a conservação dos ecossistemas e as ferramentas que fornece a ciência.
“Hoje se fala muito de agricultura regenerativa, mas é muito importante saber que este é um conceito, é uma filosofia, não uma simples técnica. Se apoia na inovação, no uso de combustíveis não fósseis, na aposta na economia circular, a infraestrutura verde e a recarbonização da biosfera”, disse.
Kip Tom destacou que os agricultores devem participar nas tomadas de decisões sobre políticas públicas para a produção. “É o agricultor quem tem que levar adiante no campo as decisões que se tomam em âmbitos políticos e assegurar que o alimento esteja disponível e seja acessível para todos”, justificou.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, declarou que a agricultura deu enormes passos adiante nos últimos 60 anos para alimentar a população mundial que se multiplicou com um uso reduzido de recursos naturais, mas advertiu que hoje enfrenta desafios muito significativos.
“Os próximos 25 anos serão decisivos e mais importantes que os 10.000 anos que vieram antes. Temos nas nossas mãos o futuro da agricultura. Precisamos projetar políticas públicas que favoreçam a natureza, os agricultores e a inovação e que contemplem uma visão de longo prazo”.
Izabella Teixeira, ex-Ministra do Meio-Ambiente do Brasil e Assessora Especial do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) para o G20 e as COP 29 e 30, outra palestrante, disse pelo seu lado que “assim como devemos rejeitar o negacionismo da mudança climática, devemos rejeitar o negacionismo da agricultura e do seu papel para aumentar a descarbonização da economia global, que não estão baseadas em provas científicas e a responsabilizam de todos os problemas”.
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