Rumo à COP28, o IICA destaca inovações do setor de arroz do Chile, que produz com menos água e emissões, e o INIA leva essa experiência às Filipinas
Santiago, Chile, 4 de dezembro de 2023 (IICA) - O arroz climaticamente inteligente, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Chile (INIA, em espanhol) junto ao sistema SRI (System of Rice Intensification, em inglês) e impulsado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) nas Américas, tem como características destacadas ser produzido com até a metade da água necessária comparado com o tradicional, 80% menos sementes e uma redução de emissões de metano por meio da semeação direta e inovações como a irrigação subterrânea e por gotejamento.
Por meio de um projeto concentrado no desenvolvimento de um sistema de produção de arroz com irrigação por gotejamento superficial e subterrâneo para Maule e Ñuble, principais regiões de produção de arroz do Chile, e com a estratégia de diminuir a vulnerabilidade desse cultivo ante a mudança climática, a iniciativa apoiada pela Fundação para a Inovação Agrária (FIA) e que executa o INIA em conjunto com o IICA e as organizações de agricultores de arroz procura continuar inovando para um arroz mais sustentável.
A nova etapa de um longo caminho de investigações e conquistas participativas de um setor que tem trabalhado unindo esforços públicos e privados, com um grande apoio dos mesmos produtores que ano após ano têm visto diminuir a sua capacidade de irrigação e entendem que devem ir se adaptando às novas condições.
Juntos trabalham com o conceito de pesquisa participativa, adicionando a experiência dos produtores a um trabalho integral que consiste em pesquisa e desenvolvimento de sementes adaptadas, semeação direta ou mecanizada, irrigação intensiva baseada no controle de enchentes ou com sistemas de irrigação eficientes e também apoiados fortemente por uma extensão rural em constante diálogo e formação sobre terrenos.
Karla Cordero, pesquisadora responsável pelo Programa de Melhoramento Genético do Arroz do INIA, tem liderado este desenvolvimento no Chile e foi recentemente convidada para a Conferência Mundial do Arroz 2023 realizada em Manila, Filipinas, como representante da América Latina no desenvolvimento da metodologia SRI no Chile, pelo SRI GLOBAL e o SRI Rice da Universidade de Cornell, Estados Unidos. Lá, ela comunicou o trabalho realizado em conjunto com o IICA para impulsar a produção de arroz climaticamente inteligente.
A conferência debateu como aprofundar a sustentabilidade do arroz. “Muitas apresentações e propostas magistrais estiveram concentradas na semeação direta, na aceleração da melhoria genética e na incorporação da tecnologia em tudo o que é produção de arroz no nível mundial e para fortalecer a segurança alimentar mundial”, disse Cordero.
“O que fomos apresentar foi o desenvolvimento que fizemos como INIA com a parte de nova genética disponível que temos para o setor, e com o IICA, em conjunto com os agricultores do Grupo de Inovação Participativa que formamos, onde avançamos juntos desse pacote agronômico que permite a produção de arroz sem inundação, em que são mantidos altos potenciais de rendimento, reduzindo os insumos como sementes e agroquímicos e também incorporando o controle mecanizado da vegetação enfezada e a oxigenação do solo, para poder criar o cultivo em ausência da lamina de água, somente com irrigação intermitente”, comentou.
Atualmente, o INIA e o IICA estão desenvolvendo um projeto em conjunto que prova a irrigação subterrânea e a superficial por gotejamento no arroz, realizada em diferentes distâncias de profundidades.
“Estamos provando-o em variedades mais bem preparadas para estas condições, que se chamam aeróbicas, e são capazes de crescer com 50% menos de requerimento hídrico; estamos fazendo isso com diferentes variedades e também realizando um trabalho de extensão do campo junto aos agricultores, para ver se é fatível poder realizar com este nível técnico e de eficiência a irrigação do arroz e assim eliminar a contaminação por metano e óxido nitroso ao ambiente”, concluiu a pesquisadora.
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