Setor agropecuário avança firme na COP29 e prevê futuro “brilhante”, mas desafios persistem e devem ser superados
BAKU, Azerbaijão, 14 de novembro de 2024 (IICA) — Um debate sobre o futuro da agricultura, seu papel para a segurança alimentar, a mitigação da variabilidade climática, o desenvolvimento econômico e a estabilidade política e social emergiu como um dos pontos fortes das deliberações na COP29, o maior foro de negociação ambiental do planeta.
A conversa aconteceu na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, o pavilhão instalado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) no Estádio Olímpico de Baku, capital do Azerbaijão e sede da COP29.
Dele participaram o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero; o Professor da Universidade Estadual de Ohio, Rattan Lal (Nobel da Paz e Prêmio Mundial da Alimentação e considerado a maior autoridade global em ciências do solo); o Diretor de Ação Climática do CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe, Ignacio Lorenzo; o Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar de Belize, José Abelardo Mai; e o Secretário Geral da Organização Mundial de Agricultores (WFO), Andrea Porro.
O Subdiretor Geral do IICA, Lloyd Day, moderou o debate, no qual se abordaram os desafios que existem para a agricultura e a segurança alimentar e a necessidade de produzir cada vez mais, com menos. Essa agenda agroalimentar também vem desempenhando um papel protagonista na COP de Baku.
Otero, que abriu as discussões, lembrou que uma grande cidade, com uma média de 10 milhões de habitantes, requer 6.000 toneladas de alimentos por dia, reafirmando o caráter estratégico que a agricultura sustentável, produtiva, eficiente e inclusiva representa para a preservação da paz social.
“Precisamos produzir mais comida com menos natureza, reconhecendo os novos desafios que a agricultura enfrenta. E para superá-los, é fundamental aproveitar a ciência, a tecnologia e a inovação e facilitar seu acesso aos agricultores familiares”, disse o Diretor Geral do IICA.
Otero indicou que os próximos 25 anos até 2050 serão mais importantes e decisivos na história da agricultura do que os últimos 10.000 anos. “Teremos que alimentar 2 bilhões de pessoas a mais em um contexto de novos desafios”, disse.
Lloyd Day lembrou que os agricultores sempre têm superado esses desafios e agora superarão o de produzir mais com menos terra e menos água.
O Ministro Mai, na mesma linha, lembrou como a Revolução Verde do geneticista dos Estados Unidos Norman Borlaug possibilitou o abandono de teorias que indicavam que o aumento da população empurraria parte da humanidade para a escassez de alimentos.
“Surgiram problemas, mas não os que pensávamos. Agora, é importante educar os jovens sobre o futuro e formular políticas fortes para apoiar uma agricultura climaticamente inteligente e sustentável. Precisamos de incentivos para mitigar, incentivos para os produtores”, disse Mai.
O professor Rattan Lal, Embaixador da Boa Vontade do IICA, expressou mais do que uma convicção, uma certeza: “Sinto-me honrado em saber que a agricultura tem um futuro brilhante”.
No entanto, enumerou como desafios a degradação dos solos e apontou a necessidade de restaurá-los.
Lal, um dos cientistas mais importantes do mundo, também exigiu “respeito à profissão dos agricultores, a seus serviços ecossistêmicos” e concordou com o Ministro Mai sobre a importância de “educar as crianças sobre a importância da agricultura”. Além disso, reivindicou um pagamento aos agricultores por sequestrar carbono.
Andrea Porro disse que “a voz dos agricultores deve ser ouvida” e reivindicou melhorias no acesso ao financiamento para encaminhar a ação climática.
“O financiamento climático para pequenos agricultores não é suficiente em muitos países, e a ambição de apoiar os nossos agricultores para que cresçam deve ser um grande objetivo. Eles são mais do que produtores, são membros da sociedade, têm soluções que devem ser ouvidas e também devem ser apoiados”, explicou.
Lorenzo, da CAF, enfatizou a importância da colaboração interinstitucional, indicando a importância em termos de financiamento de entidades como o IICA, “que entendem a cooperação técnica para elaborar novos modelos produtivos e entender a diversidade do setor”.
“Buscamos construir parcerias para levar receitas adicionais aos produtores, por conservar, por reduzir emissões; para fornecer um financiamento inovador”, assegurou.
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