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Prêmio Mundial da Alimentação 2020 e embaixador de Boa Vontade do IICA, o professor Rattan Lal ressaltou a relação entre a qualidade dos solos e a sustentabilidade da posição da América Latina como um dos principais produtores e exportadores globais de al

Solos vivos: recurso chave para a sustentabilidade da agricultura das Américas

País de publicação
Brasil

 

 

Gabriel Estrela entrevista Rattan Lal

Brasília, 11 de fevereiro de 2021 (IICA) – Sustentar e reforçar a posição da América Latina como um dos principais produtores e exportadores globais de alimentos exige melhorar a qualidade do solo da região, algo imprescindível para aumentar a segurança alimentar e nutricional. Além disso, solos ricos em nutrientes ajudam a mitigar os efeitos nocivos das mudanças climáticas.

Essas foram as principais mensagens expostas pelo Prêmio Mundial de Alimentação 2020 e professor emérito da Universidade Estadual de Ohio, Rattaln Lal, em uma entrevista concedida ao programa semanal de TV AgroAmérica, uma parceria entre o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA) e o canal brasileiro AgroMais.

Principal autoridades mundial em ciências do solo, Lal que é Embaixador de Boa Vontade do IICA, descreveu as práticas que devem ser adotadas para converter a agricultura em uma fonte de soluções para os problemas globais. 

 “Definitivamente nós precisamos de uma mudança de paradigma.  A ideia é incentivar os produtores a manter o solo sempre vegetado de forma que na entressafra o solo não seja arado. Todo o resíduo da colheita anterior deve ser deixado na superfície do solo para protegê-lo da chuva, do vento, das altas e baixas temperaturas. Os organismos do solo também precisam de um habitat e de fontes de alimentos, para que as plantações sejam tanto fonte de alimento como habitat para os organismos do solo”, explicou o cientista.

O IICA, Lal e o Centro de Manejo e Sequestro de Carbono (C-MASC) – que o laureado cientista dirige na Universidade Estatal de Ohio – trabalham na iniciativa “Solos Vivos das Américas” com o objetivo do IICA de articular esforços públicos e privados no combate à degradação dos solos, fenômeno que ameaça minar a capacidade dos países de suprir, de forma sustentável, a demanda por alimentos.  

Neste sentido, e utilizando os melhores enfoques de gestão, a cooperação técnica internacional vai trabalhar com governos, organismos internacionais, universidades, com o setor privado e com organizações da sociedade civil para contribuir para deter processos de degradação da terra e da agricultura, que esgotem a matéria orgânica dos solos.  

Com relação a essa iniciativa, Lal lembrou que na América Latina e no Caribe 31 milhões de pessoas já se encontravam em situação de insegurança alimentar antes da pandeia de Covid-19.

“Além de desnutrição, há má nutrição. A qualidade dos alimentos não está muito boa em termos de conteúdo de proteína, micronutrientes e vitamina. Portanto, precisamos melhorar os alimentos a partir do solo dos lugares onde são produzidos para aumentar a qualidade nutricional. Não se trata apenas de ter suficiente comida, carboidratos, açúcares e outros componentes. É uma questão de micronutrientes, proteínas, vitaminas e outros elementos essenciais que estão críticos”, disse.    

Humos e Vida Selvagem - O cientista alertou que é possível haver uma maior incidência de pandemias no futuro à medida que aumenta a invasão da humanidade na vida selvagem. “Mais interação entre humanos e vida selvagem pode aumentar o problema de transporte de doenças de animais silvestres para humanos. É do nosso interesse introduzir uma zona tampão entre humanos e vida selvagem, além de devolver área à natureza, algo muito crítico. Humanos devem pensar em poupar terra”, disse.

Durante a entrevista, Lal também destacou que a América Latina experimentou um “tremendo progresso” agrícola nas últimas três décadas, mas destacou que onde não se aplicam as melhores práticas, seja em pequenas propriedades rurais ou na agricultura de grande escala, a degradação ocorre como resultado da compactação do solo devido ao uso de maquinários e à erosão que acomete solos com pouco conteúdo orgânico.

“A maioria dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas pode ser alcançada até 2030. Temos dez anos, mas só vamos conseguir se houver o manejo correto do solo e da agricultura. Sem isso, será muito difícil alcançar esses objetivos”, advertiu ao enfatizar as consequências que a degradação do solo pode ocasionar nas importações da região.    

“Brasil, Argentina, Chile e parte do Peru e do México são exportadores de alimentos, mas, ao mesmo tempo, são importadores. O Brasil, por exemplo, importa trigo. Não há produção de trigo suficiente e muitos países, devido aos efeitos das mudanças climáticas, podem aumentar as importações”, previu Lal.

Neste sentido, o professor recomentou compensar os agricultores por seus serviços ecossistêmicos, para incentivar a captura de carbono com o objetivo de mitigar os efeitos das mudanças climáticas e aumentar a qualidade e renovação da água e da biodiversidade. 

O programa AgroAmérica , resultado de parceria entre o IICA e o canal AgroMais, é transmitido toda quinta-feira às 22h e reprisado aos sábados, às 20h30, e domingos, às 8h pelos canais a cabo Claro (189 e 689); Vivo (587); Sky (569) e OI (176). Fora do Brasil, a transmissão é feita pelos canais do IICA e do AgroMais no YouTube.

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