Uma centena de mulheres vinculadas ao setor agroalimentar e provenientes de zonas rurais da Costa Rica potencializaram suas habilidades em tecnologias digitais e geoespaciais na sede do IICA
São José, 20 de novembro 2023 (IICA) — Mais de 100 mulheres, vinculadas ao setor agroalimentar e à conservação dos recursos naturais em zonas rurais da Costa Rica, receberam capacitação em tecnologias digitais e geoespaciais aplicadas à agricultura e na gestão dos recursos hídricos, em um evento de três dias na sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em São José.
A capacitação foi oferecida em uma edição avançada do Rally Feminino de Tecnologias Geoespaciais, organizado pelo IICA e parceiros como a RAC (Rede Aeroespacial Centro-Americana), a SERVIR (iniciativa da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, NASA, e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, USAID), NASA Harvest (consórcio mundial de agricultura e segurança alimentar da NASA), BYU (Universidade Brigham Young, de Utah), o Centro Ballard de BYU (programa universitário da BYU centrado no impacto social), a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a GEOGLAM (iniciativa mundial de vigilância agrícola do Grupo de Observações da Terra) e a GEOGloWS (iniciativa para fomentar a sustentabilidade global da água para apoiar a saúde social, econômica e ambiental das nações, que, juntamente com a GEOGLAM, são iniciativas da AmeriGEO).
O objetivo do evento foi reduzir o hiato digital entre as mulheres para potencializar suas capacidades tecnológicas, digitais, geoespaciais e de inovação, além de reforçar habilidades de crescimento, resiliência e empoderamento profissional.
As participantes tiveram acesso a serviços para a previsão de fluxos de GEOGloWS, um modelo hidrológico global que proporciona prognósticos atualizados diariamente e facilita o acesso a dados históricos de fluxos de água há mais de 40 anos; e o Climate Trends, que permite acessar e comparar dados procedentes de modelos globais para diferentes variáveis, como precipitação e umidade do solo.
Também aprenderam como implementar ferramentas de apoio para o monitoramento e a teledetecção de dados aplicáveis ao setor agroalimentar. GEOGLAM, ClimateSERV e Google Earth Engine são algumas das plataformas de análise geoespaciais que as participantes tiveram acesso para obter dados de satélites e realizar análises avançadas com as quais poderiam ser geradas informações críticas para a tomada de decisões na agricultura moderna.
Como exemplo das aplicações que essas tecnologias permitem criar, cinco jovens pertencentes à Asociación Edunámica apresentaram um protótipo de projeto utilizando a ferramenta Sistema de Análise GLAM (Global Agriculture Monitoring) e Crop Monitor, para detectar as condições os cultivos de trigo e criar calendários de produção que assegurem o abastecimento local e a exportação desse grão.
A convocação para o rally, feita pelo IICA, reuniu mulheres a partir de 14 anos, incluindo profissionais de agremiações como a Asociación Edunámica, o Colégio de Engenheiros Agrônomos da Costa Rica e o Colégio de Profissionais de Geografia da Costa Rica, e do Sistema Nacional de Áreas de Conservação (SINAC-MINAE), que no encerramento compartilharam os projetos gerados a partir do aprendizado do evento.
Participaram da abertura do rally feminino: Betzy Hernández, líder de Coordenação Regional de Ciência da SERVIR na América Central; Paula Brenes, representante da Comissão Costarriquenha de Cooperação com a UNESCO; María José Molina, fundadora do rally feminino e Presidente da Rede Aeroespacial Centro-Americana; Luis Ramos, especialista em Gestão de Projetos da USAID; e Manuel Otero, Diretor Geral do IICA.
Betzy Hernández comentou que, para a SERVIR, é vital participar desse tipo de eventos, em que as protagonistas são mulheres que estão impactando de maneira positiva as transformações que a agricultura vivencia, em muitos casos impulsionadas pela mudança do clima.
“Fazer parcerias com organizações como as que participam desse rally potencializa a divulgação dos conhecimentos e torna as ferramentas tecnológicas acessíveis às mulheres que trabalham no campo agroalimentar e na gestão dos recursos naturais”, afirmou.
Luis Ramos, da USAID, assegurou que ainda há muito a percorrer para alcançar a equidade de gênero, mas que a Agência de Desenvolvimento contribui para o fortalecimento de capacidades em ciência, tecnologia, arte e matemática.
“As participantes têm acesso a aplicativos tecnológicos para a observação da terra e ferramentas para a gestão do risco de desastres. Os conhecimentos a que estão em expostas nesse rally vêm de profissionais altamente capacitados”, comentou.
“Devemos levar esse tipo de eventos a mulheres que habitam em zonas rurais, que, por diversas razões, não podem ter acesso a esse tipo de educação em tecnologias espaciais. Elas, em seus territórios, poderão fazer parte das soluções urgentes que o planeta precisa para enfrentar as mudanças ambientais” observou María José Molina, da Rede Aeroespacial Centro-Americana.
Para Paula Brenes, da Comissão Costarriquenha de Cooperação com a UNESCO, o rally demonstra que a narrativa sobre o acesso das mulheres à tecnologia está mudando e que muitas delas estão liderando os processos de desenvolvimento e inovação.
Finalmente, o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, enfatizou que a agricultura atravessa uma transição e uma transformação, e que este é o momento preciso para criar as condições para que as mulheres liderem o processo de mudança.
“Reconhecemos que a agricultura tem um perfil machista, mas no IICA estamos empenhando esforços para mudar essa realidade e criar caminhos onde as protagonistas do desenvolvimento sejam as mulheres. O Foro de Ministras, Vice-Ministras e Altas Funcionárias das Américas é um desses esforços, buscando implementar políticas de igualdade de gênero e seu empoderamento” afirmou.
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