As proteínas de origem animal são essenciais para uma alimentação nutritiva e saudável e os mais pobres devem ter acesso ao seu consumo, afirmam especialistas
São José, 9 de julho de 2021 (IICA). As proteínas de alta qualidade que provêm da carne e de outros alimentos de origem animal prestam-se ao cuidado e ao restabelecimento da saúde das pessoas, sendo assim fundamental promover o acesso universal a elas e inclumí-las nas dietas, especialmente em países de renda média e baixa, afirmaram palestrantes em um seminário científico.
Peritos em alimentação de diversas regiões do mundo se reuniram no seminário científico “Proteínas para todos: a importância da qualidade das proteínas para os sistemas alimentares sustentáveis e equitativos”, organizado como parte dos eventos preparatórios para a Cúpula sobre Sistemas Alimentares, convocada pelo Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres.
Participaram da organização do seminário o Instituto Riddet, centro de pesquisa estratégica em ciências que tratam da alimentação, de prestígio mundial e com sede na Nova Zelândia; a Universidade Agrícola de Punjab, Índia, o maior centro de estudos sobre a produção de alimentos da Ásia; a Plataforma Láctea Mundial, núcleo de empresas, instituições científicas e outros atores comprometidos com a produção sustentável e saudável do leite e dos seus derivados; e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Apoiaram a realização do evento a Federação Láctea Internacional, a Comissão Internacional do Ovo, a Secretaria Internacional da Carne, o Conselho Internacional Aviário e a Mesa-redonda Global para a Carne Bovina Sustentável.
A compreensão de que tipo e quantidade de proteína existe em cada alimento é imprescindível para os que trabalham em melhorar a dieta da crescente população mundial, afirmaram os especialistas participantes, que ressaltaram a contribuição insubstituível da proteína animal para a alimentação nutritiva e saudável.
“Não é apenas a quantidade de proteína que as pessoas consomem que é fundamental. Também a qualidade deve ser considerada no momento de se avaliar as dietas, de maneira a se assegurar que nos países em desenvolvimento as pessoas tenham acesso ao que se requer para o seu desenvolvimento”, disse Paul Moughan, professor do Instituto Riddet e autoridade mundial em metabolismo de proteínas.
No que diz respeito a questionamentos que se fazem à produção animal, pela sua emissão de gases que contribuem para a mudança do clima, Moughan advertiu que a qualidade das proteínas, que não podem ser substituídas por vegetais, também deve ser avaliada quando se mede o impacto ambiental da produção de carne.
“Somente um conjunto diversificado de proteínas garante uma dieta equilibrada e saudável”, concluiu.
Kiran Bains, professora e Chefe do Departamento de Alimentos e Nutrição da Universidade Agrícola de Punjab, falou da deficiência de aminoácidos na alimentação da Índia, onde vivem cerca de 1,4 bilhão de pessoas.
“Em populações com recursos ou renda limitados, o consumo de cereais é maior e a ingestão de alimentos de origem animal é escassa, e isso resulta em dietas fracas em proteínas e com efeito negativo na saúde das pessoas. Na Índia, até 26% dos habitantes de setores rurais e urbanos sofrem de deficiências dietéticas”, disse Bains.
“O consumo de cereais pobres em proteínas”, advertiu, “pode satisfazer a fome, produzir saciedade e até fornecer energia suficiente às pessoas, mas seguramente não oferece a quantidade requerida de um aminoácido como a lisina, o que pode afetar de maneira adversa as funções metabólicas do organismo”.
A Chefe de Pesquisa no Instituto Riddet, Suzanne Hodgkinson, tratou da medição da qualidade das proteínas e comparou diversos alimentos básicos, de acordo com a sua contribuição em aminoácidos.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, citou diversos dados para sustentar a relevância dos produtos de origem animal como fornecedores de nutrição saudável em todo o mundo: os produtos lácteos são a principal fonte de cálcio para as pessoas; as proteínas de origem vegetal não podem substituir as de origem animal porque não contêm todos os aminoácidos essenciais da carne; as inovações em genética e reprodução de animais têm potencial para eliminar as doenças e, dessa maneira, aumentar a sustentabilidade da pecuária.
Otero observou que, nos países desenvolvidos, 80% das emissões de gases de efeito estufa, que contribuem para a mudança do clima, provêm da queima de combustíveis fósseis, e não da pecuária. “De qualquer forma”, reconheceu, “todos sabemos que os ataques à produção animal não são exatamente algo novo”.
O IICA coordenou o debate e a redação do documento “Principais mensagens no caminho para a Cúpula da ONU sobre Sistemas Alimentares na perspectiva da agricultura das Américas”, que os países do Hemisfério consensualmente decidiram levar à Cúpula sobre Sistemas Alimentares 2021. O material põe em primeiro plano a agricultura e os agricultores, avalistas da segurança alimentar e nutricional planetária.
A Cúpula foi convocada para conscientizar a opinião pública mundial e promover compromissos e medidas mundiais visando à transformação dos sistemas alimentares, com vistas não só a erradicar a fome, mas ainda a reduzir a incidência das doenças relacionadas com a alimentação e curar o planeta.
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