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Resposta à crise de fertilizantes e ameaças à segurança alimentar demandam ação coordenada e colaborativa, afirmou o IICA diante do Conselho Permanente da OEA

Sede OEA2
A reunião aconteceu no Salão das Américas, no edifício principal da OEA na cidade de Washington, embora alguns participantes estivessem presentes de maneira virtual.

São José, 23 de junho de 2022 (IICA) — A crise dos fertilizantes no atual contexto de inflação está gerando um aumento dos custos da produção agrícola na América Latina e no Caribe e pode derivar em um maior aumento dos preços dos alimentos, advertiu o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em uma sessão do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A insegurança alimentar nas Américas e as lições aprendidas na pandemia de Covid-19 foram temas de uma sessão convocada de maneira conjunta pelo Conselho Permanente e o Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral (CIDI), um âmbito de discussão sobre os desafios mais prementes enfrentados pela região e que reúne autoridades das Américas de diferentes ramos e níveis de governo, juntamente com atores e aliados de outros setores.

A reunião aconteceu no Salão das Américas, no edifício principal da OEA na cidade de Washington, embora alguns participantes estivessem presentes de maneira virtual.

“A segurança alimentar é um tema que hoje está no topo da agenda mundial. A situação desencadeada pela invasão da Rússia à Ucrânia e o aumento dos preços dos fertilizantes está reduzindo a margem de rentabilidade dos integrantes do tecido produtivo de nosso continente, afetando especialmente os pequenos agricultores e acelerando a pressão inflacionária que fustiga os consumidores”, destacou Manuel Otero, Diretor Geral do IICA.

Otero enfatizou a necessidade de aprofundar o trabalho conjunto de organismos de cooperação e financiamento internacional para enfrentar a crise.

Indicou, nesse sentido, a relevância do Observatório de Políticas Públicas para os Sistemas Agroalimentares (OPASAa), ferramenta digital que o IICA apresentou em março passado com o objetivo de contribuir para mudar a forma de elaborar políticas nas Américas e oferecer um espaço para o intercâmbio de perspectivas que contribuam para desenvolver capacidade de resposta e resiliência a riscos futuros.

O Observatório também documenta as medidas que os diversos países das Américas estão tomando para enfrentar a situação atual.

O coordenador geral do OPASAa, Joaquín Arias, fez uma análise do cenário regional e global e explicou que há uma confluência de crises, combinando os efeitos da pandemia de COVID-19 com eventos climáticos extremos e o conflito bélico no Leste Europeu, que alterou os mercados de energias, fertilizantes e commodities.

“Estamos em um momento crítico de aumento do preço internacional dos alimentos. Na maioria dos países da região, o índice está em entre 20 e 25% ao ano. Se não fizermos algo a respeito dos preços de fertilizantes, essa situação pode se agravar”, afirmou Arias.

O especialista do IICA considerou que o problema da concentração do mercado mundial de fertilizantes deve ser abordado, tanto do lado da oferta como da demanda, uma vez que só cinco países acumulam mais de 50% das exportações e outros cinco totalizam 54% das compras.

“O mercado é altamente vulnerável aos choques, embora nem todos os países sejam afetados da mesma maneira, pois o consumo de fertilizantes por hectare é muito variável”, acrescentou Arias, que apontou que o Brasil depende de mais de 85% das importações da Rússia e da Bielorrússia.

“Não há uma estimativa atualizada do nível de estoques de fertilizantes no continente, mas sabemos que se aproximam tempos difíceis, devido ao comportamento do comércio nas últimas semanas. Em diversos países, o volume da importação de fertilizantes para março caiu mais de 60%, o que está reduzindo sua aplicação e, portanto, impactará nos rendimentos”, revelou Arias.

Arias destacou que os países das Américas já estão tomando medidas, como reduções de taxas aduaneiras e de impostos, além de ajudas financeiras aos pequenos produtores, e afirmou que, no médio e longo prazo, deve ser incentivada a adoção de tecnologias e boas práticas que transformem os sistemas agroalimentares para torná-los mais resilientes.

 

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