Saúde (dos solos, dos animais e das pessoas): essencial para a inocuidade e um impulso agroexportador da América Latina e do Caribe
São José, 24 de maio de 2021 (IICA) — A saúde dos solos, dos animais e das pessoas, entendida como um objetivo único, é um fator fundamental e decisivo para a inocuidade dos produtos agropecuários e para aumentar a liderança da agricultura das Américas no comércio internacional, segundo o consenso de cerca de uma centena de peritos.
Essa conclusão foi alcançada no foro virtual “Uma saúde e comércio internacional: elementos básicos para a transformação dos sistemas alimentares”, organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
O encontro foi aberto pelo Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, que expressou que, “sob esse enfoque de ´Uma saúde´, estamos pensando na saúde ambiental, na saúde dos solos, na saúde animal e na saúde humana como as bases para poder criar e manter sistemas agroalimentares sustentáveis”.
Após a intervenção de Otero, o ex-titular do Serviço Nacional de Sanidade Animal (Senasa) da Argentina, Bernardo Cané, destacou que “devemos explicar aos pequenos, médios e grandes produtores a importância não apenas da cadeia, mas do sistema agroalimentar”.
E acrescentou: “Precisamos dizer aos nossos consumidores que o sistema produtivo da região é seguro e saudável e devemos mostrar aos maiores opositores à produção de alimentos de origem animal que há sanidade, rastreabilidade e uma coexistência com a flora e com a fauna que não implica em um impacto negativo sobre o meio ambiente”.
Representando a Associação Argentina de Produtores de Semeadura Direta (Aapresid), uma organização civil integrada por produtores rurais preocupados com a erosão dos solos, María Beatriz “Pilu” Giraudo, destacou a experiência de um setor cujas tecnologias “impactam diretamente a nossa possibilidade de produzir alimentos saudáveis e nutritivos, particularmente na qualidade dos mesmos”.
“Pelos sistemas baseados na semeadura direta, temos uma enorme oportunidade na eliminação de cultivos, no sequestro de carbono dos solos pela fotossíntese e, ao mesmo tempo, para diminuir o uso de combustíveis de origem fóssil, reduzindo a geração de emissões de gases de efeito estufa”, explicou.
Promover o comércio agropecuário para fortalecer a segurança alimentar
Cassio Luiselli, economista especializado em Economia Agrária, Professor Emérito do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, Campus Cidade do México (ITESM), e membro do Conselho de Alto Nível para a Segurança Alimentar das Américas do IICA, enfatizou a importância de diversificar mercados e liberalizar o comércio agropecuário.
“Precisamos diversificar (na América Latina e no Caribe) principalmente os mercados nos quais os nossos produtos agroalimentares competem, e esse desafio passa por um grande esforço para ressaltar a liberalização comercial”, indicou.
Após atacar as barreiras não aduaneiras como um obstáculo ao comércio, Luiselli também ressaltou a necessidade de “reatribuir recursos, compensar regiões que apresentam carências com regiões que têm abundância”.
Em sua opinião, trata-se de “um mecanismo de redistribuição muito poderoso e, portanto, também um mecanismo de criação de preços, razão pela qual o comércio internacional é vital para entender o papel dos sistemas alimentares”.
Em sincronia com o proposto por Luiselli, peritos e funcionários de diversos países presentes no foro se mostraram de acordo quanto à necessidade de combater as medidas protecionistas em escala internacional.
Para isso, os produtores agroalimentares das Américas deveriam diversificar sua carteira de produtos e seus destinos de exportação.
“O mundo deve entender que as Américas produzem alimentos e que estes são seguros e inócuos, o que deve ser ressaltado tanto no âmbito internacional como no âmbito doméstico”, afirma uma das conclusões de um dos grupos de trabalho em que se dividiu o foro.
Em outro nível, também houve consenso sobre a necessidade de avançar na implementação de políticas de proteção das zonas do Caribe castigadas por choques climáticos, visando fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares.
Além disso, concordou-se quanto à relevância de um enfoque multidisciplinar para a saúde dos solos, humana e animal e sua relação com o comércio, de maneira que haja respostas para os tomadores de decisões no campo da produção agroalimentar.
Da mesma forma que nos foros anteriores, que abordaram a produção cooperativa e a bioeconomia, esse terceiro encontro ressaltou que o estabelecimento de decisões e normativas baseadas em ciência representam a base incontestável para qualquer transformação positiva dos sistemas agroalimentares.
Neste sentido, concluiu-se que trabalhar em novas formas de produzir e na promoção do comércio permitirá melhorar a produção sustentável e eliminar o padrão duplo que muitas vezes é estabelecido entre a produção local e a destinada à exportação.
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