Uma centena de pesquisadores internacionais membros do CGIAR se reúne na Representação do IICA no Brasil
Brasília, 14 de junho de 2024 (IICA) – Os gigantescos desafios que a mudança do clima e as novas tendências globais impõem aos sistemas alimentares e agrícolas transformaram as formas de produção e, com elas, o mundo inteiro, o que por sua vez tornou imprescindível a pesquisa agrícola, que enfrenta o desafio de contribuir de forma rápida a fim de facilitar o caminho para as adaptações necessárias.
Com essas premissas, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) colabora cada vez mais estreitamente em pesquisas no mundo todo. Neste contexto, recebeu em sua Representação em Brasília mais de 100 pesquisadores agrícolas internacionais que, na capital brasileira, participaram da vigésima reunião anual do Grupo Consultivo para a Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR, sigla do inglês), que neste ano foi realizada na sede principal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).
Uma centena de pesquisadores e a Presidente da EMBRAPA, Silvia Masshurá, foram recebidos pelo Coordenador Regional e Representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado, e pelo Assessor Especial da Direção Geral do IICA, Jorge Werthein, que lhes deu as boas-vindas em nome do Diretor Geral, Manuel Otero. O Diretor de Cooperação Técnica do IICA, Muhammad Ibrahim, também participou do encontro.
Ao receber os pesquisadores na Representação do Instituto no Brasil, Werthein, em nome do Diretor Geral do IICA, enfatizou a necessidade da intensificação de esforços conjuntos para que as parcerias gerem resultados e, seguindo o caminho da ciência e da inovação, enfrentem os desafios à segurança alimentar, nutricional e climática.
Criado há mais de 50 anos, o CGIAR é a maior rede mundial de inovação agrícola. A instituição proporciona evidência científica a tomadores de decisões e novas ferramentas a seus parceiros no intuito de transformar os sistemas agroalimentares e facilitar a melhor utilização econômica, ambiental e nutricional da agricultura.
"Hoje, o CGIAR representa 13 centros de pesquisa, com mais de 10 mil pessoas em cerca de 80 países e conta com 3 mil parceiros", explicou a Diretora Executiva do CGIAR, Ismahane Elouafi. Acrescentou que esses centros trabalham para transformar os sistemas agroalimentares, o uso da terra e da água. Na América Latina, os centros estão localizados no México, no Peru e na Colômbia.
“A reunião do Conselho da EMBRAPA e esta reunião organizada pelo IICA são muito boas para se obter cada vez mais resultados para a região e mais recursos para África e a Ásia, com experiências que vêm da América Latina e do Caribe, e é o IICA que tem o peso e o poder de convocação junto aos ministérios da agricultura, o que nos abre muitas portas", disse Joaquín Lozano, diretor regional do CGIAR para a América Latina.
Acrescentou que, para o CGIAR, a pesquisa agrícola deve ter um impacto positivo na segurança alimentar, na distribuição de renda e na criação de emprego, bem como na proteção do meio ambiente. “A pesquisa deve transformar-se em ações que se traduzam no alívio da pobreza e no uso responsável e sustentável dos recursos naturais", enfatizou.
Mais cooperação, mais desenvolvimento
Na reunião do Conselho, o Diretor de Cooperação Técnica do IICA fez uma apresentação sobre os princípios diretores do Instituto, como disponibilidade, equidade e acesso aos alimentos, e sobre sua agenda de trabalho, que se divide em programas nas áreas de bioeconomia, clima, sanidade, gênero, inclusão digital e agricultura familiar.
"Defendamos que a agricultura seja parte da solução dos desafios climáticos. É importante que enfatizemos mais a adaptação à mudança do clima a fim de que os produtores disponham das ferramentas para se adaptarem. O IICA vem oferecendo um tipo de apoio que dialoga com as Convenções sobre Mudança do Clima, Biodiversidade e Desertificação", disse Ibrahim, que apresentou aos pesquisadores a iniciativa Solos Vivos das Américas para melhorar a resiliência e promover os serviços ecossistêmicos, o Observatório de Políticas (OPSAA) e as plataformas de água e pecuária sustentável do IICA.
"Outro tema é o arroz fortificado, que estamos ajudando a implementar no Chile, no Caribe, no Suriname e na Guiana, entre outros países, e que ajudou os produtores a adotar boas práticas para melhorar a qualidade dos alimentos", disse.
"Aqui temos um grupo de peritos do setor privado, pesquisadores nacionais e centros internacionais buscando oportunidades de cooperação. Existe um diálogo sobre como o IICA pode trabalhar mais estreitamente com o CGIAR para aumentar o impacto e a escala nos resultados que estamos alcançando na região, e sobre como incidir nas políticas que estamos promovendo por meio da pesquisa. Temos o sistema Procis, que pode cooperar com o CGIAR", concluiu.
O sistema Procis é um acordo de cooperação e alinhamento, que atualmente inclui o Programa Cooperativo para o Desenvolvimento Tecnológico Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul (Procisur), reunindo os institutos nacionais de pesquisa agropecuária de Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai, enquanto o Procinorte reúne os institutos de Canadá, Estados Unidos e México.
A EMBRAPA e a COP30
A Presidente da EMBRAPA, Silvia Massruhá, agradeceu ao IICA por receber os pesquisadores do CGIAR, que neste ano escolheram fazer a reunião do Conselho no Brasil para comemorar o quinquagésimo aniversário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola. "Espero vê-los a todos de novo no Brasil no ano que vem para a COP30 em Belém", disse.
Massruhá e Elouafi assinaram na sede da EMBRAPA, em Brasília, um memorando de entendimento para reforçar a colaboração no desenvolvimento de pesquisas sobre sistemas alimentares resilientes no contexto da mudança do clima.
A Presidente da EMBRAPA também lembrou o apoio recebido do IICA na reunião de pesquisadores de ciência agrícola dos países do G20 em Brasília, em maio, coordenada pela própria EMBRAPA, com a participação do cientista Rattan Lal, e reforçou o compromisso da empresa com a COP30, quando, disse, será possível compartilhar perspectivas e soluções para a mudança do clima.
Para Elouafi, a expectativa é que, a partir do memorando de entendimento, sejam priorizadas novas áreas, principalmente as relacionadas com a adaptação e a resiliência dos sistemas de produção e cultivos estratégicos.
"Comprometemo-nos a colaborar mediante o intercâmbio de conhecimentos e projetos conjuntos, aproveitando as capacidades técnicas e os ativos de cada um", disse Elouafi, que expressou sua solidariedade às vítimas das inundações no Rio Grande do Sul e lembrou a importância da comunidade científica na busca de soluções para reduzir os impactos de futuros cenários relacionados com o clima.
Além de pesquisadores agrícolas, estiveram presentes representantes de organizações privadas e de outros setores, como Rubén Echeverría, da área de Pesquisa e Inovação para a Transformação Agrícola da Fundação Melinda e Bill Gates.
Muitos dos participantes já tinham estabelecido associações com o IICA, como é o caso de Wendy Francesconni, da Parceria Internacional para a Biodiversidade e do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), que afirmou que “o IICA é um parceiro importante e um colaborador ativo no trabalho para posicionar a região como fundamental frente aos desafios alimentares do mundo".
Johan Swinnen, Diretor Geral do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI), com sede em Washington e operações na Ásia, na África e na América Latina, disse: “Trabalhamos em estreita ligação com o IICA em vários projetos, sendo o IICA um grande ponto de entrada porque cobre toda a região. Por isso, organizamos, juntos, eventos e provavelmente organizaremos atividades relacionadas com a transformação dos sistemas alimentares".
Outros tiveram a oportunidade de conhecer o IICA na apresentação do Diretor de Cooperação Técnica na reunião do Conselho do CGIAR, como a sul-africana Mpumi Obokoh, Vice-Presidente do Conselho Científico Independente (CCI).
Cientista molecular de plantas, trabalha em Cooperação Sul-Sul. "Não conhecia o IICA. Pela apresentação que vi, me dei conta de que é aberto e trabalha em muitos temas, e para nós, da África. Seria bom estarmos em contato para conhecer boas práticas e implementar a cooperação, porque, com a mudança do clima, precisamos de soluções, e também de alimentos nutritivos para a gente, uma vez que a população está crescendo e temos de encontrar soluções mais sustentáveis. Para isso o assessoramento científico é fundamental", disse.
A boliviana Magali García, membro do ISDC e pesquisadora da Universidade da Bolívia, conheceu o escritório do IICA na Bolívia e trabalhou de forma conjunta em um projeto sobre solos orgânicos. Atualmente, atua com pequenos agricultores em projetos relacionados com o carbono orgânico do solo e a mudança do clima, e pesquisa a produção de alimentos nos Andes em altitudes superiores aos 3.000 metros.
Garba Sharubutu, Diretor Executivo do Departamento de Agricultura da Nigéria, onde coordena o trabalho de 16 Institutos de agricultura, um deles dedicado aos produtos básicos, busca formação em laboratório e cooperação para o desenvolvimento de capacidades. "Enviamos nossos cientistas para se inteirar do que está acontecendo no Brasil, na China e na Índia. Já sabia muito da EMBRAPA, mas não do IICA. Será muito bom estabelecer uma conexão com o IICA, pois também nós estamos nos trópicos".
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