IICA recebe estudantes de agronomia para discutir papel da juventude na transformação dos sistemas agroalimentares

Brasília, 27 de abril de 2023 - Um dos maiores desafios da ruralidade é a sucessão no campo, ou seja, como criar estímulos para manter os jovens nas áreas rurais e atraí-los para as diversas áreas do setor agropecuário atuando em zonas rurais. Em um mundo cada vez mais conectado, acesso a internet é apenas um dos requisitos para atrair as novas gerações, também é preciso criar oportunidades.

Pensando em estimular o interesse e engajamento de jovens com relação aos desafios e oportunidades da vida rural, a representação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) promoveu, no dia 27 de abril, o evento Juventude Rural: Papel e Oportunidades na Transformação dos Sistemas Agroalimentares, no âmbito de programa IICA Portas Abertas. O evento contou as parcerias da ONG Jovens Profissionais pelo Desenvolvimento Agrícola (YPARD), movimento que opera em 72 países, do projeto Readiness e da Universidade de Brasília (UNB).

O objetivo do encontro foi trocar conhecimentos e experiências sobre o tema juventude rural e as suas possibilidades de atuação e engajamento nas necessárias transformações dos sistemas agroalimentares. “Para o IICA, os temas juventude e gênero são prioritários na atual gestão e compõem nossos programas hemisféricos e estratégicos, além de serem muito considerados na execução de nossos projetos de cooperação técnica desenvolvidos com nossos parceiros em âmbito internacional, federal e estadual”, disse Gabriel Delgado, representante no Brasil e coordenador da região Sul do IICA, na abertura do encontro.

Participaram do encontro, na sede da Representação, em Brasília, 22 jovens estudantes do curso de engenharia agronômica e do programa de pós-graduação em agronegócios da UNB, além de duas jovens lideranças sul-americanas, a representante do YPARD no Peru, Marcelita Ponce de León, e Juan David Caro, membro do Fórum Mundial para a Alimentação e representante do YPARD na Colômbia.

Para a representante do Peru, os problemas da juventude na América Latina são semelhantes. “Buscamos acesso para a juventude nas políticas públicas dos governos”. Na mesma linha, o colombiano falou sobre o desafio que a migração do jovem do campo para a cidade representa para o futuro do setor. “Assim como no Brasil, temos um êxodo grande de jovens do campo para a cidade”.

“Cresci indo para a roça com meus pais, pois temos um sítio. Sempre mexemos com gado de leite a agora estamos lidando com agrofloresta, que é o meu tema de interesse nos meus estudos,”, disse Guilherme Silva do Amaral Pereira, estudante da UNB.

Política Públicas - A secretária-adjunta nacional da Juventude, Jessy Dayane Silva Santos, apresentou as ações desenvolvidas pelo governo federal e defendeu o acesso à terra. “Estamos criando novas políticas para quem vive no campo e para a juventude, para que dialoguem com os desafios da atualidade”, afirmou.

A coordenadora de Juventude Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA),Bruna Paola, estimulou os estudantes a se engajarem nas várias etapas regionais para a construção da Conferência Nacional da Juventude, prevista para ocorrer no final do ano, e a se envolverem na retomada da elaboração do Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural. “A juventude quer produzir e permanecer no campo e precisa de terra. Temos que potencializar a internet no campo. O campo hoje quer ser moderno, quer ter oportunidades”, reforçou.

Maria Eduarda Vasconcelos, ex-beneficiária de programas do projeto Procase, parceria do IICA com o governo da Paraíba e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), hoje, aos 23 anos, coordena a Articulação Social da Secretaria Nacional da Juventude. Duda Vasconcelos, como é conhecida, contou sobre sua trajetória como filha de assentados da reforma agrária no Cariri Oriental, na Paraíba, até a coordenação que ocupa atualmente no governo federal.   

Armando Fornazier, professor de Engenharia Agronômica e Agronegócios da UNB, discorreu sobre a importância da universidade na formação de lideranças para a transformação dos sistemas agroalimentares. Ele chamou a atenção dos alunos para a necessidade de aumentar a produtividade, considerando as condições impostas pelas mudanças climáticas e seus desdobramentos sobre questões relativas à produção de energia e o uso dos recursos hídricos. “Esses pontos são fundamentais. Daí a importância da diversidade de visões que a universidade proporciona para a juventude”.

A coordenadora técnica do IICA Brasil, Cristina Costa, explicou aos convidados a missão do IICA como instituição ponte e falou sobre as ações do IICA no Brasil durante o evento, que contou com a moderação de Edwin Prado, gestor de projetos ponto focal do tema juventude no IICA Brasil. 

Renato Carvalho, especialista em projetos de cooperação internacional no IICA Brasil, explicou o funcionamento e participação da juventude no Readiness, parceiro do evento e projeto implementado pelo IICA em 8 países da região, financiado pelo Fundo Verde, dedicado a apoiar a recuperação de pequenos e médios produtores e agronegócios no pós-Covid, mapear sistema de inovação e formular planos para o setor na América Latina.

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Ao final do encontro, os alunos participaram de uma dinâmica na modalidade Café Mundial em que discutiram quatro temas: políticas públicas e oportunidades para a juventude rural; sistemas agroalimentares e segurança alimentar; mudanças climáticas, segurança hídrica e recursos naturais; e condições de trabalho, empreendedorismo e inovação.

O programa IICA de Portas Abertas tem o objetivo de levar ao IICA representantes dos vários setores da sociedade que se relacionam com a ruralidade, como estudantes, pesquisadores, governo, instituições nacionais e internacionais, setor privado, para conhecer a missão e ações do Instituto voltadas para o bem-estar rural e para a promoção de uma agricultura produtiva, inclusiva e sustentável.