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Número de submissões revela potência de coletivos de empoderamento da mulher rural e pode indicar uma revolução silenciosa de ações que contribuem para redução da pobreza e aumento da segurança alimentar e da resiliência às mudanças climáticas.

PRÊMIO MULHERES RURAIS - ESPANHA RECONHECE RECEBE 482 INSCRIÇÕES DE TODO BRASIL

Country of publication
Brasil
Agricultura do Projeto Viva o Semiárido
Agricultura do Projeto Viva o Semiárido

BRASÍLIA – 08 de março de 2022 - Lançado em outubro do ano passado no  Dia Internacional das Mulheres Rurais (15/10), o Prêmio Mulheres Rurais - Espanha Reconhece recebeu 482 inscrições de coletivos de mulheres que trabalham pela autonomia econômica das produtoras. Foram inscritos projetos de agricultoras, pescadoras, indígenas, quilombolas e extrativistas de todos os estados brasileiros, principalmente do Nordeste, que têm grande parte do território inserido no Semiárido e concentra elevados índices de pobreza rural.   

O concurso visa a reconhecer experiências que incentivem a autonomia econômica de mulheres rurais para promover a igualdade de gênero, aumentar a visibilidade da mulher rural e reconhecer a diversidade como matriz do desenvolvimento econômico, social e cultural. O Prêmio é realizado pela Embaixada da Espanha no Brasil com as representações no Brasil do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da ONU Mulheres.   

Inicialmente marcada para o dia 8 de março, Dia Mundial da Mulher, devido ao grande número de submissões de iniciativas no concurso, a premiação foi adiada para o dia 28 de abril, na semana em que se celebra o Dia Nacional da Mulher (30 de abril), para uma melhor avaliação dos trabalhos por parte da comissão julgadora.

Para Gabriel Delgado, representante do IICA no Brasil, o alto número de submissões de projetos já na primeira edição do Prêmio releva esforços para uma mudança importante na área rural, que precisa ser incentivada não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina e no Caribe.

As trabalhadoras do campo são essenciais para a garantia da segurança alimentar. Um resultado como este nos ajuda a chamar a atenção para o debate público sobre a necessidade crescente de ações e políticas públicas continuadas que melhorem a situação de vida das mulheres no campo”, disse. “O fato de termos recebido inscrições de todos os estados brasileiros mostra que a sociedade está mobilizada e acredito que isso está ocorrendo em outros países da região também”, completou.  

As mulheres produzem cerca da metade dos alimentos no mundo. Em sua diversidade (indígenas, afrodescendentes, quilombolas, camponesas, pescadoras, artesãs, migrantes, empreendedoras), elas correspondem a 43% da mão de obra agrícola no mundo, mas ainda têm seu papel e importância negligenciados e estão fora dos principais espaços de decisão.  

O representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, destaca que no contexto de pandemia, as mulheres rurais foram ainda mais expostas, e sofreram de forma desproporcional os efeitos das medidas de prevenção à covid-19. “Se queremos uma sociedade mais igualitária e mais justa no pós-pandemia, precisamos olhar com a atenção para a perspectiva de gênero nas políticas públicas. Só assim poderemos garantir que as mulheres se beneficiem delas em igualdade de condições”.

No geral, as mulheres no campo também têm mais dificuldade de acesso à terra, ao crédito e a cadeias de alto valor, essenciais para sua subsistência e para o bem-estar das comunidades.  

Na América Latina, especificamente, quase 40% das mulheres que vivem no campo não têm renda própria. No caso dos homens, são 14% nesta situação. Além disso, menos de um terço das mulheres rurais possuem a titularidade da terra em que moram. Outro desafio é a ausência de reconhecimento ao trabalho realizado pelas mulheres.

Quintal Produtivo – Projeto Paulo Freire – Ceará
Quintal Produtivo – Projeto Paulo Freire – Ceará

 

 

 

Trabalhar pela equidade entre mulheres e homens no campo, reconhecendo o papel delas como beneficiárias e agentes para o desenvolvimento sustentável, é fundamental para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU e para um para um mundo com mais oportunidade a todas e todos.

“Com essa premiação, queremos reconhecer e incentivar a autonomia econômica das mulheres rurais a partir de iniciativas que fortaleçam os sistemas alimentares locais e que contribuam para a geração de renda, cuidado com a preservação ambiental, da biodiversidade e incentivar o desenvolvimento rural sustentável”, afirmou o embaixador da Espanha no Brasil, Fernando Garcia Casas.  

O concurso conta ainda com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), do Serviço Social do Comércio (Sesc) e da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), e com patrocínio das empresas espanholas INDRA, ACCIONA, MAPFRE, JOSEP LLORENS e CMR Fruits. 

Serão classificados e premiados três projetos de dez iniciativas finalistas. A premiação consiste em valores destinados a melhorar o empreendimento. As três experiências mais bem pontuadas também vão receber acompanhamento e assistência técnica ao empreendimento, notebook, um ano de uso gratuito da Plataforma Rural E-commerce. As experiências finalistas receberão curso voltado para o Empoderamento pessoal e econômico das mulheres rurais, publicações técnicas das instituições promotoras relacionadas às questões de gênero e certificado de reconhecimento internacional.  

As mulheres rurais são o grupo menos conectado às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) não apenas no Brasil, mas na maior parte dos países da América Latina e do Caribe, segundo o estudo  “Desigualdade digital de gênero na América Latina e Caribe” (Oxford/IICA/DID/FIDA-2000). Outro estudo “Habilidades digitais no meio rural: Um imperativo para reduzir hiatos na América Latina e no Caribe", (IICA/Microsoft/BID-2021) revela que a falta de habilidades digitais básicas também afeta mais as mulheres rurais.

 

Mais Informações:

Coordenação de Comunicação IICA/Brasil

claudia.dianni@iica.int