IICA debate integração logística entre países da América do Sul para melhorar a competitividade da região
Brasília, 24 de outubro de 2024 - A representação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em Brasília reuniu representantes dos governos do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Cuba, Bolívia e Chile no seminário “Integração logística como fonte de competitividade para os sistemas agroalimentares: oportunidades e desafios ao Cone Sul”, realizado na quarta-feira (23/10). O evento teve como objetivo debater aspectos estratégicos para desenvolver uma logística integrada na região e melhorar a competitividade dos países sul-americanos.
Os participantes do seminário destacaram a necessidade de quebrar alguns e aperfeiçoar a integração logística da região. De acordo com eles, as cargas devem ser encaminhadas não necessariamente pelo porto nacional, mas pelo porto mais competitivo priorizando a intermodalidade. Os representantes dos países sul-americanos defenderam a elaboração de para garantir que os modais realizem entregas e retornem carregados com outros produtos, reduzindo assim custos operacionais.
Na abertura, o representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado, destacou a importância de conhecer o cenário e os desafios de logística em cada país e de unir esforços para propor soluções conjuntas. “O campo de ação que temos para melhorar nossa atuação coletiva é enorme. E tudo isso afeta a competitividade dos nossos produtos de uma maneira muito forte e clara e no custo dos insumos”, explicou.
O embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles, revelou que a ideia do encontro surgiu quando pensou em explorar mais as possibilidades que Brasília oferece de reunir representantes de governos e entidades nacionais e internacionais relacionadas ao tema. “É preciso conhecer os gargalos logísticos de cada país e pensar em soluções conjuntas de forma intermodal e do ponto de vista de melhorar as condições de competividade e desenvolvimento da produção agroalimentar e lembrar que também serão beneficiados o transporte de fibras, minerais e biocombustíveis, por exemplo, impactando em várias cadeias produtivas”, disse.
Já o secretário de Inovação do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (MAPA), Pedro Neto, também ressaltou a importância do seminário para tratar a logística como vetor de competitividade dos sistemas agroalimentares das Américas. “O Brasil avançou com muita força na inovação agropecuária. Aprendemos a fazer agricultura tropical, agricultura com baixa emissão de carbono, e aperfeiçoamos os sistemas de monitoramento que verificam os impactos em questões socioambientais. Temos cada vez mais sistemas agroalimentares resilientes, porém, sem o componente da logística, no contexto da competitividade, o país perde performance”, explicou.
O ministro de Agricultura do Uruguai, Fernando Mattos, participou de forma virtual e ressaltou que a logística é um limitador do processo de integração bi e multilateral do continente sul-americano e da competitividade. “Até 2050, mais de 50% da população mundial estará no sudeste asiático. Então, precisamos que os corredores bioceânicos que já estão previstos possam ser tornar realidade no futuro para baratear custo e oferecer mais eficiência no tempo de transporte”, disse.
A mesa de abertura foi composta pelo Coordenador da Região Sul e Representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado, o Embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles, o Secretário Geral da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), Sergio Abreu, o ministro de Agricultura do Paraguai, Fernando Mattos, o secretário de Inovação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Pedro Neto, Agricultura do Uruguai e do Ministério da Agricultura do Brasil.
Palestras
Além das análises dos representantes dos governos sul-americanos, o evento contou com cinco palestrantes. A representante para América Latina e Caribe do Internacional Food Policy Research Institute (FPRI), Valéria Piñeiro, abordou as perspectivas para as cadeias alimentares do Mercosul nos próximos dez anos e o representante do setor privado hidrovia Paraguay/Paraná, Diego Azqueta, falou sobre os corredores de transporte e a integração logística regional, os desafios e as rotas de transporte do Mato Grosso ao Rio do Prata.
Já o assessor da Secretaria-Executiva do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) do Brasil, José Polidoro, mostrou o plano de logística do governo brasileiro feito a partir do cruzamento de informações sobre as necessidades de produção, consumo e escoamento. Ele mostrou as interfaces entre o Plano Nacional de Logística e o Plano Nacional de Fertilizantes.
Segundo Polidoro, o Brasil paga o fertilizante mais caro do mundo e 40% deste valor é de custo de logística. “O custo do Brasil para enviar qualquer produto para China é 2,5 vezes maior do que o mesmo produto que sai dos Estados Unidos. Cerca de 47% de todo fertilizante consumido no país entra por dois portos e 35% são entregues em apenas dois estados. Superar o desafio logístico para insumos e fertilizantes é fundamental para garantir racionalidade e competitividade. Queremos que o Brasil passe de price staker para price maker e, para isso, precisamos de buscar integração com outros países.
O representante do Instituto Brasileiro de Infraestrutura, Mário Povia, destacou os desafios da integração regional e da governança logística agroalimentar. A última parte do seminário foi destinada às reflexões finais dos representantes dos países da região sul e a mediação ficou sob responsabilidade do ministro João Carlos Parkson de Castro, responsável pelo tema de logística no Itamaraty. Ao final do seminário, foi definida uma segunda edição do encontro para o primeiro semestre de 2025.
Sobre o IICA
É o organismo internacional especializado em agricultura do Sistema Interamericano. Sua missão é estimular, promover e apoiar os esforços de seus 34 Estados-membros para alcançar o desenvolvimento agrícola e o bem-estar rural, por meio da cooperação técnica internacional de excelência.
